Em 1963 Gerald Hawkins da Universidade de Boston argumentou que o alinhamento das pedras em Stonehenge demonstra que se tratava de um observatório astronômico marcando com precisão os solstícios, movimentos do sol e da lua bem como poderiam ser usados na previsão de eclipses[1]. Em 1901 Norman Lockyear em “A aurora da astronomia” argumentou que Stonehenge fora alinhada na direção do nascer do sol no solstício de verão, tese recebida com ceticismo pelos arqueólogos que acreditavam tratar-se tais alinhamentos de coincidências tendo em vista o pouco desenvolvimento técnica das comunidades da época.[2] Uma pessoa que se coloque no centro de StoneHenge e olhe na direção da pedra Heel na manhã dia 21 de junho irá observar o sol apontar levemente à esquerda do cume da pedra Heel marcando o solstício de verão[3]. Segundo Fernand Niel: “o fato de que o sol, em seu levantar-se no solstício de versão seja visto do centro de Stonehenge sobre a pedra Heel nada tem de extraordinário em si. O mais extraordinário seria que não houvesse nada deste tipo em um tal monumento [...] A tendência dos arqueólogos britânicos que se ocupam de Stonehenge é, portanto, a de negar qualquer relação entre esta pedra e a orientação do monumento para o sol levante no solstício de verão [...] o único meio de fixar o solstício de verão seria encontrado exteriormente ao templo, fato estranho para um santuário dedicado ao deus sol”.[4] Gerald Hawkings em artigo publicado na Nature em 1963 especula que as 56 marcações em forma de círculo conhecidas com Aubrey Holes podem indicar ciclos de 56 anos que poderia ser usado na previsão de eclipses.[5] A capacidade de previsão de eclipses solares e lunares também é defendida por Fred Hoyle e Alexander Thom.[6] Fernand Niel observa a grande precisão em subdividir uma circunferência em trinta partes iguais, o que possivelmente pode ter sido conseguido com uso de gabaritos[7]. O círculo de pedras exterior tem o nome de “Sarsen Circle” de diâmetro de 30 metros tendo ao centro a Pedra do Calcanhar – Heel Stone.[8] Um dos círculos estava alinhado com o pôr do Sol do último dia do Inverno, e com as fases da Lua. No amanhecer do primeiro dia do solstício de verão em 21 de junho o sol nasce junto a pedra principal de Stonehenge. Um dos primeiros a perceber este alinhamento foi o antiquário John Smith em 1771.[9] Nas décadas de 1950 e de 1960, Alexander Thom, coordenador da Universidade de Oxford e o astrônomo Gerald Hawkins no livro Stonehenge decoded mostraram que o monumento construído ao sul da Inglaterra servia como observatório astronômico podendo prever a ocorrência de solstícios e equinócios úteis para agricultura. Para isto basta se posicionar adequadamente entre os mais de 70 blocos de arenito que o compunham e observar-se na direção certa [10]. O observador colocado no centro de Stonenhenge poderá ver o nascer do sol a 6 de maio e 8 de agosto por cima da pedra 93, e a 5 de fevereiro e 8 de novembro por cima da pedra 91, datas que marcam o início das quatro estações.[11] Para Gerald Hawkins; “Stonehenge pode ser usado como uma máquina de cálculo digital”, por exemplo há 29,53 dias entre cada lua cheia e há 29,5 monolitos no círculo exterior.[12] Gerald Hawkins mostra que a possibilidade de alinhamento casual era de uma em dez milhões: “não pode haver dúvida de que Stonehenge era um observatório”, no entanto suas teses foram contestadas por arqueológos que mostraram que das 240 linhas estudadas ao menos 48 não guardavam qualquer correlação com algum alinhamento astronômico significativo .[13] Segundo Alexander Thom tal conhecimento era usado pela elite sacerdotes astrônomos em busca de desvendar os movimentos dos astros: “a mesma necessidade de estudar os fenômenos que impulsiona os cientistas de hoje motivava os povos primitivos”, ainda que os achados arqueológicos não comprovassem que havia uma rede de conhecimentos astronômicos de diferentes localidades. Em 1983 Evan Hadingham conclui: “no que se refere à pesquisa do professor Thon o resultado é uma espécie de ficção científica segundo o qual os bretões pré históricos teriam operado o seu observatório lunar com uma paixão por precisão extremamente parecida à dos engenheiros e astrônomos modernos. Embora os megalitos fossem, de fato, ligados à crenças sobre o sol e a lua, é claro que eram meros aspectos de uma complexa massa de ideias e práticas envolvendo crenças religiosas. Devemos agradecer a Thom e aos seus colegas por despertarem o interesse pelas habilidades intelectuais dos europeus pré históricos. Contudo, muitas das alegações sobre uma ciência da idade da pedra parecem agora pouco mais do que uma projeção inconsciente do nosso mundo técnico contemporâneo sobre ruínas silenciosas de quatro mil anos. Há pouca evidência efetiva para dar suporte à teoria de que acuradas previsões de eclipses foram feitas por construtores de megalitos, que teriam achado a tarefa extraordinariamente difícil, pela ausência de registros escritos que os auxiliassem”.[14]
[1] WESTWOOD, Jenifer. Lugares Misteriosos, Vol. 1, São Paulo:Ediciones del Prado,
1995, p. 28; FAGAN, Brian. Los setenta grandes inventos y descobrimentos del
mundo antiguo, Barcelona:Blume, 2005, p. 240
[2] WESTWOOD, Jenifer.
Lugares Misteriosos, Vol. 1, São Paulo:Ediciones del Prado, 1995, p. 67; JAMES,
Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de
Janeiro: Ediouro, 2002, p. 109
[3] NIEL, Fernand.
Stonehenge, templo misterioso da pré história, São Paulo:Hemus, 1974, p.70
[4] NIEL, Fernand.
Stonehenge, templo misterioso da pré história, São Paulo:Hemus, 1974, p.73, 74,
198
[5] HADINGHAM, Evan. Os
segredos de Stonehenge. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos mistérios
do mundo, Lisboa, 1979, p.90
[6] MOURÃO, Ronaldo
Freitas. Dicionário Enciclopédico de astronomia e astronáutica, Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1987, p. 759
[7] NIEL, Fernand.
Stonehenge, templo misterioso da pré história, São Paulo:Hemus, 1974, p.205
[8] BELL, Maurice. Druidas,
herois e centauros. Belo Horizonte:Itatiaia, 1959, p.30
[9] BELL, Maurice. Druidas,
herois e centauros. Belo Horizonte:Itatiaia, 1959, p.34
[10] https://pt.wikipedia.org/wiki/Stonehenge
[11] BELL, Maurice. Druidas,
heróis e centauros, belo Horizonte:Itatiaia, 1959, p. 36
[12] CHILDRESS, David
Hatcher. A incrível tecnologia dos antigos, São Paulo:Aleph, 2005, p. 67;
RONAN, Colin. História Ilustrada da Ciência: das origens à Grécia. São
Paulo:Círculo do Livro, 1987, p.52
[13] JAMES,
Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de
Janeiro: Ediouro, 2002, p. 110
[14]
JAMES,
Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de
Janeiro: Ediouro, 2002, p. 118
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