Marc Bloch mostra que até o final do século XI, exceto
temporariamente pela renascença carolíngia, a mentalidade religiosa
prevalecente no período medieval era desprovida de qualquer base racional ou
especulação lógica “É-nos permitido dizer
que nunca a fé mereceu tanto esse nome”.[1] Segundo
Daniel Rops: “Tudo e todos só existem em função da fé cristã. Ela é a pedra
angular do edifício. A religião impõe-se aos espíritos como um absoluto que
ninguém discute. Não se vê menor traço de indiferentismo e menos ainda de
ateísmo. Do mais humilde ao mais importante, é uma sociedade inteira que crê
[...] Uma fé unânime, viva, arrebatadora, admirável, em suma , por mais que com
ela se misturem elementos suspeitos, eis o traço característico do mundo
medieval, o que explica ao mesmo tempo uma realidade historicamente
considerável: a influência decisiva da Igreja enquanto corpo constituído. Se há
algo evidente , é que durante esses séculos a história profana e a história da
Igreja praticamente se confundem, mais ainda do que nos tempos bárbaros”.[2] Para
Christopher Dawson sobre a Igreja no período medieval no século XI: “Trata-se
de um pode soberano que impunha suas próprias leis e as aplicava em seus
próprios tribunais com seus próprios juízes e advogados. A Igreja tinha um elaborado sistema de jurisdição, uma
burocracia altamente organizada e um eficiente organismo de controle centralizado,
tudo isso executado por funcionários permanentes e supervisionado por inspeções
regulares e relatórios de delegados”.[3]
[1] BLOCH, Marc. A
sociedade feudal, Lisboa:Edições 70, 1982, p.104
[2] AQUINO,
Felipe. Uma história que não é contada, Lorena: Cleofas, 2008, p. 84; ROPS,
Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 43,
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