Os relatos de médicos espanhóis como Nicolas Monardes, Francisco Hernandez e Bernardino de Sahagún no século XVI mostram a existência de centenas de medicamentos usados pelos astecas.[1] Os feiticeiros eram conhecidos como tlatlacatecolos e acreditava-se que seus poderes de cura usando plantas medicinais se originavam desde sua infância sendo identificado por um sinal preciso chamado tonalpohualli.[2] Muitas destas plantas medicinais eram cultivadas nos jardins botânicos de Huaxtepec e Texcotzingo.[3] Frei Bernardino de Sagahún relata um costume entre os chichimecas e astecas: “e adoecendo alguém e não sarando dentro de dois ou três dias, reúnem-se os chichimecas, matam o doente enfiando-lhe uma flecha de pássaro na garganta e assim morre. Quem é um homem velho, quem se tornou uma anciã, também a eles matam-nos. Afirmam que o fazem porque tem pena deles. Para que não sejam infelizes na terra e para que não entristeçam os seus”[4]. Entre os incas há o registro de diversos medicamentos ministrados pelos hampi camayok[5], entre as quais a quina no tratamento de feridas, a ayahuasca, a ipecacuanha, a belladonna (usada como anestésico), o tabaco e a coca para aumentar o metabolismo, conhecida como “planta divina” mencionada por Garcilaso de la Veja e Pedro de Cieza de Leon o qual escreve em 1550: “Há algumas pessoas na Espanha que ficaram ricas com o comércio da coca tendo a comercializado nos mercados indianos” [..] Da mesma forma a planta conferiu grandes lucros para bispos e clérigos da Catedral de Cusco”.[6] Na cultura quimbaya da Colômbia objetos de ouro são usados como caixa para uma mistura de lima e coca. Nas culturas Chavín e Mochica usava-se o cacto de são Pedro como alucinógeno em rituais.[7] Entre os astecas o tabaco era amplamente utilizado na medicina bem como alucinógenos como o peyotl.[8] Em Tenochtitlan o tabaco era tragado com ervas aromáticas e em cachimbos de ouro[9]. O médico ticitl ou teopatli (teo - sagrado, patli - artes médicas)[10] era feiticeiro e se utiliza de medicamentos naturais como a passiflora quanenepilli junto com encantamentos[11]. Para o diagnóstico o médico deitava grãos de milho numa peça de tecido ou num vasos cheio de água e fazia a interpretação da forma como os grãos caíam, se agrupados ou dispersos, ou conforme boiavam ou iam ao fundo do vaso[12]. Em 1570 o médico da Corte espanhola Francisco Cortez trabalhou por sete anos nas Americas acumulando conhecimento de plantas medicinais, porém não chegou a publicar seus resultados, o que veio a ocorrer posteriormente embora de forma parcial.[13] Bernardino de Sahagun escreveu sobre a flora medicinal usada pelos astecas entre as quais a erva do gato usada como calmante e a yerba buena usada para tratar dores no estômago.[14] Entre os incas a tribo dos Collahuayas a nordeste do lago Titicaca se destacava pela formação de curandeiros.[15] A coca era mascada e usada como poderoso estimulante e no controle de vômitos e hemorragias, bem como a cocaína extraída das folhas da coca era usada como anestésico[16]. A seiva da árvore molle era usada na cicatrização de feridas. Contra a febre era usado a casca de chinchona. A folha da quinua era usada contra inflamações na garganta. A erva chillca era usada para acalmar dores nas articulações. Contra dores de cabeça , dente ou garganta era usada urina na forma de fricção [17] A ayahuasca (que significa elo com os ancestrais) tem o registro de uma taça cerimonial feita de pedra, com ornamentação gravada, encontrada na cultura Pastaza da Amazônia equatorial datando de 500 a.c. a 50 d.c no Museu Etnológico da Universidade Central em Quito, Equador. [18]
[1] THORWALD, Jurgen. O
segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.269
[2] Instituto Nacional de
Antropologia e História. Guia Oficial do Museo Nacional de Antropologia,
Mexico:Inah Salvat, 1998, p.137
[3] Guia dos segredos do
império: o povo asteca, Barueri:On Line, 2016, p. 62
[4] HOFFNER, Joseph.
Colonialismo e evangelho, São Paulo:USP, 1973, p.121
[5] HAGEN,
Victor. Realm of the incas, New York: New American Book, 1961, p. 102
[6] THORWALD, Jurgen. O
segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.294; SORIANO,
Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo,
Peru:Amaru Editores, 1997, p. 170; HAGEN, Victor. Realm of the incas, New York: New American Book, 1961,
p. 108
[7] COE, Michael. Antigas
Américas, mosaico de culturas, v. II Madrid:Ed. Del Prado, 1996, p. 158
[8] SOUSTELLE, Jacques. A
vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.205
[9] HERRMANN, Paul. A
conquista das Américas. Sâo Paulo:Boa Leitura, 1960, p.118
[10] Guia dos segredos do
império: o povo asteca, Barueri:On Line, 2016, p. 63
[11] SOUSTELLE, Jacques. A
vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.251
[12] SOUSTELLE, Jacques. A
vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.248
[13] SOUSTELLE, Jacques. A
vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.253
[14] Guia dos segredos do
império: o povo asteca, Barueri:On Line, 2016, p. 63
[15] BAUDIN, Louis. A vida
quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 169
[16] BAUDIN, Louis. A vida
quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 176
[17] BAUDIN, Louis. A vida
quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 171
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