A burocracia inca
usava os quipus para controlar a cobrança da mita, um tributo pago pelos camponeses na forma de trabalho de
todos os homens entre 25 e 50 anos, segundo Garcilaso de la Vega[1]. Cada camponês
tinha de pagar uma dada quantidade de
trabalho por ano ao governo em que o registro de tais pagamentos era feito
pelos quipus.[2] Mita era o serviço rotativo e obrigatório do membro adulto do ayllu que durava de 3 meses a 1 ano. Waldemar
Soriano destaca a sociedade inca como uma economia altamente regulada e
centralizada pelo Estado com pouca importância para o comércio e predomínio de
uma burocracia administrativa e atividade guerreiras.[3] Entre a
hierarquia administrativa o sapainca contava com quatro homens de sua inteira
confiança como consultores, os apocunas. Os chefes locais eram denominados
curacas responsáveis pela administração da mita paga pelos ayllus.[4] O
pagamento da mita cabia apenas aos homens adultos casados (mitayos)[5] e tratava-se
de um trabalho comunal ao nível familiar da ayllu, jamais ao nível de um Estado
imperial.[6] Os quipus
eram conhecidos de outras culturas como os colombianos de Popayán, os caribenhos
de Orinoco e certas tribos da América do Norte. [7] Em 1910
o arqueólogo Lelan Locke decifrou a codificação dos nós que representam um
sistema de representação numérica decimal, fazendo inclusive uso da noção de
zero, que foi usado pela civilização Maia a partir do ano 500 d.c.[8]. Simone
Waisbard por outro lado indica que vários cronistas da conquista testemunham
que os incas usavam uma escrita ideográfica desenhada ou pintada em finos
tecidos ou em tabuinhas[9].
[1] RIBAS, Ka W. A ciência
sagrada dos Incas, São Paulo:Madras,
2008, p. 36
[2] HAGEN, Victor. Realm of the incas,
New York: New American Book, 1961, p. 72
[3] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del
Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 342
[4] SORIANO, Waldemar. Los
incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru
Editores, 1997, p. 345
[5] SORIANO, Waldemar. Los
incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru
Editores, 1997, p. 208
[6] SORIANO, Waldemar. Los
incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru
Editores, 1997, p. 226
[7] BAUDIN, Louis. El
império socialista de los incas, Santiago Chile:Ediciones Rodas, 1973, p.251
[8] HOGBEN, Lancelot. Las
matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 350, 407;
LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora.
Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.126; LONGHENA, Maria; ALVA,
Walter. Peru Antigo. Grandes civilizações do passado. Madrid:Folio, 2006, p.59;
IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro:
Globo, 1989, p. 250
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