terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

O pagamento da mita entre os incas

 

A burocracia inca usava os quipus para controlar a cobrança da mita, um tributo pago pelos camponeses na forma de trabalho de todos os homens entre 25 e 50 anos, segundo Garcilaso de la Vega[1]. Cada camponês  tinha de pagar uma dada quantidade de trabalho por ano ao governo em que o registro de tais pagamentos era feito pelos quipus.[2] Mita era o serviço rotativo e obrigatório do membro adulto do ayllu que durava de 3 meses a 1 ano. Waldemar Soriano destaca a sociedade inca como uma economia altamente regulada e centralizada pelo Estado com pouca importância para o comércio e predomínio de uma burocracia administrativa e atividade guerreiras.[3] Entre a hierarquia administrativa o sapainca contava com quatro homens de sua inteira confiança como consultores, os apocunas. Os chefes locais eram denominados curacas responsáveis pela administração da mita paga pelos ayllus.[4] O pagamento da mita cabia apenas aos homens adultos casados (mitayos)[5] e tratava-se de um trabalho comunal ao nível familiar da ayllu, jamais ao nível de um Estado imperial.[6] Os quipus eram conhecidos de outras culturas como os colombianos de Popayán, os caribenhos de Orinoco e certas tribos da América do Norte. [7] Em 1910 o arqueólogo Lelan Locke decifrou a codificação dos nós que representam um sistema de representação numérica decimal, fazendo inclusive uso da noção de zero, que foi usado pela civilização Maia a partir do ano 500 d.c.[8]. Simone Waisbard por outro lado indica que vários cronistas da conquista testemunham que os incas usavam uma escrita ideográfica desenhada ou pintada em finos tecidos ou em tabuinhas[9].



[1] RIBAS, Ka W. A ciência sagrada  dos Incas, São Paulo:Madras, 2008, p. 36

[2] HAGEN, Victor. Realm of the incas, New York: New American Book, 1961, p. 72

[3] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 342

[4] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 345

[5] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 208

[6] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 226

[7] BAUDIN, Louis. El império socialista de los incas, Santiago Chile:Ediciones Rodas, 1973, p.251

[8] HOGBEN, Lancelot. Las matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 350, 407; LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.126; LONGHENA, Maria; ALVA, Walter. Peru Antigo. Grandes civilizações do passado. Madrid:Folio, 2006, p.59; IFRAH, Georges. Os números: a história de uma grande invenção. Rio de Janeiro: Globo, 1989, p. 250

[9] WAISBARD, Simone. Tiahuanaco: 10000 anos de enigmas incas. São Paulo:Hemus, 1971, p. 119



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