quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

As origens de Tiahuanaco

 

Luís Valcarcel em artigo na Illustrated London News de 1937 encontra similaridades de cerâmica em policromia com motivos geométricos da arte de Tiahuanaco[1] com a cerâmica de Marajó[2]. Tiahuanaco, nas proximidade do lago Titicaca no Peru esteve ocupada de 1500 a.c. a 1200 d.c.[3] O apogeu do império de Tiahuanaco data de 500 d.c. [4] Arthur Posnansky em Tiahuanaco, berço do homem americano, publicado em 1945, defende a tese de que a cidade era uma metrópole, capital política e santuário religioso com influência sobre toda a América do Sul e que teria sido construída por volta de 15 mil a.c..[5] e submergida pelo avanço das águas do lago Titicaca para ser reconstruída por volta do ano 800 quando viveu novo período de prosperidade[6]. A tese se baseia no fato de que o templo de Calasasaya era um observatório solar de incrível precisão que teria sido construído em um alinhamento que teria ocorrido por volta de 15 mil a.c.. Um estranho animal representado na Porta do Sol parece mostrar uma mistura de rinoceronte com hipopótamo, o toxodonte, que alguns biólogos acreditam tratar-se de uma espécie extinta há cerca de onze mil anos, mjito embora o desenho não tenha precisão suficiente para esta conclusão[7]. A análise da cerâmica e provas de radiocarbono contudo, confirmam que Tiahuanaco foi construída por volta de do ano 100, segundo Peter James[8]. A tese de que uma colonização de Tiahuanaco em 15 mil a.c proposta por Posnansky e recuperada pelo jornalista Graham Hancock, não consegue, contudo, explicar o imenso abismo que se seguiu uma vez que as primeiras civilizações urbanas da região datam de 3 mil a.c. Pesquisas com cerâmicas antigas encontradas na aldeia de Tiahuanco por Wendell Bennett na década de 1930 mostrarn que esta teria sido fundada por volta de 400 a.c. e entre 100 e 300 d.c se tornou uma cidade tendo sua decadência iniciado em 1000 d.c possivelmente atingidos por uma forte seca que durou até pouco depois de 1300. A dominação inca viria apenas por volta de 1450. Não há nenhuma evidência de que o tempo de Calasasaya foi um tempo de observações astronômicas[9]. Com a invasão inca a cidade já era conhecida como “cidade dos mortos”. Em 1540 Cieza de León testemunhou a ruínas encontradas da cidade de Tiahuanaco, as quais sequer os índios mais antigos da região na época sabiam dizer a origem de tais construções[10]. As culturas chavin, mochica e nazca representam um ápice, enquanto Tiahuanaco um período intermediário que se encerra com a civilização inca que se inicia por volta do ano 1000 e a destruição pelos espanhóis e 1532.  Entre as estruturas monolíticas encontradas em Tiahuanaco está o monólito de Ponce de 3,5 metros e 17 toneladas que recebe o nome do arqueólogo boliviano seu descobridor[11]. Nos dias de equinócio na posição do monólito pode-se contemplar o sol nascente que passa diretamente pela porta do templo de Kalasaya à sua frente. As muralhas do Kalasaya era providas de bicas para vazão de águas dispostas acima de pequenas cubas ligadas entre si por um canal em forma de U.[12]

[1] RIBAS, Ka W. A ciência sagrada  dos Incas, São Paulo:Madras, 2008, p. 32

[2] BRION, Marcel. A ressurreição das cidades mortas, Rio de Janeiro:Ferni, 1979, p.291

[3] COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. II Madrid:Ed. Del Prado, 1996, p. 189

[4] LONGHENA, Maria; ALVA, Walter. Peru Antigo. Grandes civilizações do passado. Madrid:Folio, 2006, p.19

[5] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 221

[6] LISSNER, Ivar. Assim viviam nossos antepassados. Belo Horizonte: Itatiaia, 1968, p. 274

[7] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 221

[8] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 71

[9] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 225

[10] HAGEN, Victor. Realm of the incas, New York: New American Book, 1961, p. 29; JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 218

[11] LONGHENA, Maria; ALVA, Walter. Peru Antigo. Grandes civilizações do passado. Madrid:Folio, 2006, p.196

[12] WAISBARD, Simone. Tiahuanaco: 10000 anos de enigmas incas. São Paulo:Hemus, 1971, p. 190



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