As Câmaras de ventilação da pirâmide de Quéops

 

A entrada das pirâmides era sempre pela face Norte[1]. A orientação da pirâmide de Quéops permitia que os raios luminosos da estrela Sírius equiparada à deusa Sepdet (Sothis), ao passar pelo meridiano, penetrassem na câmara existente no seu núcleo por meio de um conduto de ventilação, no momento em que se anunciava o princípio do ano egípcio e o início das inundações do rio Nilo, como a luz da estrela Polar (Kochab) entrava pelos condutos do norte.[2] Esta orientação permitia desta forma a visita dos astros protetores â câmara do faraó.[3] Os dois dutos de arejamento foram encontrados somente em 1872[4] pelo engenheiro inglês Waynman Dixon[5]. José Castellani observa que tais dutos foram encontrados obstruídos quando o califa Al Mamun em 820 conseguiu encontrar as galerias no interior da pirâmide, o que indica que estes eram meros dutos de ventilação usados pelos construtores e que foram fechados tão logo concluída a construção da pirâmide não havendo qualquer fundamento de que fossem usados em rituais de iniciação. André Pochan e Bruchet alegam que os dutos são canais psíquicos que farão com que a alma venha a visitar e animar o “duplo” imputrescível do faraó[6], contudo, os rituais dos mistérios egípcios começaram a ser praticados apenas na V Dinastia (2479 a.c – 2322 a.c.), ou seja, após a construção da pirâmide[7]. Edwards também sugere que o alinhamento do duto norte com as três estrelas do cinturão de Orion não poderia ser mera coincidência no entanto alguma dificuldade técnica fez com que tais dutos não fossem completados na pirâmide de Kefren.[8] David Silverman descarta qualquer alinhamento das pirâmides com Orion.[9] Em 1993 Rudolf Gantenbrink descobriu que estes dutos eram vedados nas extremidades por um bloco de calcário, o que mostra que foram acrescentados ao núcleo da alvenaria, nível após nível, à medida em que a pirâmide ia sendo construída.[10]Quando o sol nascia no vale do Nilo, seus raios tocavam o topo da pirâmide antes de chegar às humildes casas ao nível do solo[11].

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[1] MANUELIAN, Peter der. Module 1: A walking tour of the Giza Plateau. Harvard online Courses: Pyramids of Giza: Ancient Egyptian Art and Archaeology, 2018. https://online-learning.harvard.edu/course/pyramids-giza-ancient-egyptian-art-and-archaeology?offset=12

[2] Cook, R.J. The Stellar Geometry of the Great Pyramid.Discussions in Egyptology 29 (1994), pp. 29-36; BONILLA, Luis. Breve historia de la técnica y del trabajo, Madrid:Ed. Istmo,1975, p.47, https://pt.wikipedia.org/wiki/Pir%C3%A2mide_de_Qu%C3%A9ops

[3] HOGBEN, Lancelot. Las matemáticas al alcance de todos. Joaquín Gil: Buenos Aires, 1943, p. 236

[4] POCHAN, André. O enigma da grande pirâmide, Rio de Janeiro: Difusão, 1977, p. 159

[5] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 192

[6] POCHAN, André. O enigma da grande pirâmide, Rio de Janeiro: Difusão, 1977, p. 159, 201

[7] CASTELLANI, José. A ciência maçônica e as antigas civilizações, Santos:Traço Editora, 1990, p.30

[8] EDWARDS, J. As pirâmides do Egito, Rio de Janeiro:Record, 1985, p.253

[9] SILVERMAN, David. Introduction to Ancient Egypt and Its Civilization, Semana 5, The pyramids and the Spinx Part 9, 2021 https://www.coursera.org/learn/introancientegypt/

[10] MALKOWSKI, Edward. O Egito antes dos faraós. São Paulo:Cultrix, 2010, p. 139

[11] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.119