terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A construção das pirâmides do Egito

 

Nos meses de inundação do Nilo não podendo trabalhar nas lavouras, os camponeses podiam trabalhar em alguma pirâmide[1]. Eugen Strouhal observa que diante da magnitude de algumas das obras o trabalho seria realizado o ano todo e não apenas na época das inundações como uma espécie de serviço civil obrigatório.[2] Segundo Diodoro: “enquanto durassem as inundações as pessoas comuns, dispensadas de suas tarefas, de dedicavam ao ócio, as celebrações sem fim e a usufruir livremente de qualquer tipo de diversão”.[3] O isolamento do vale do Nilo não exigia a manutenção de um grande exército de defesa (ao contrário de outras cidades da antiguidade as cidades no Egito não eram sequer protegidas por uma muralha de defesa[4]), o que possibilitava a ocupação do tempo na construção de pirâmides enquanto a atividade agrícola era interrompida com os meses de inundação do Nilo. Segundo Mark Lehner que propôs um modelo de construção das pirâmides baseado no uso de rampas em que uma equipe de cerca de 4.000 a 5.000 pessoas compunha a força de trabalho da pirâmide. E cerca de 25.000 a 30.000 trabalham em turnos para construir a pirâmide. Para ele, isso equivaleria a cerca de 100.000 homens, levando um período de cerca de 20 anos, o que se encaixa no período de 25 anos de reinado de Quéops.[5] Mark Lehner (figura) e Roger Hopkins construíram uma pirâmide em tamanho reduzido para mostrar sua tese usando tecnologia da época. Um objeto encontrado frequentemente próximo as pirâmides se configura como um puxador sendo usado no içamento das pedras. O norte verdadeiro era identificado com o recurso a um poste vertical marcado a sombra do sol. As pedras de 2,5 toneladas foram deslocadas pela rolagem em trenós e as pedras dispostas em camadas com auxílio de rampas. No topo da pirâmide as últimas pedras tinham de ser içadas por meio de alavancas e uso de cordas.[6]



[1] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.120

[2] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 183

[3] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 96

[4] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 98

[5] SILVERMAN, David. Introduction to Ancient Egypt and Its Civilization, Semana 5, The pyramids and the Spinx Part 4, 2021 https://www.coursera.org/learn/introancientegypt

[6] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 189



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