domingo, 13 de fevereiro de 2022

A transmutação no Malleus Maleficarum

 

Apesar de condenando alguns charlatães, as práticas de alquimia e astrologia não foram condenadas pelo decreto de 1277 do bispo de Paris, uma vez que a Igreja aprovou o estudo da transmutação e metais desde que ”feito de modo correto e não fraudulento”.[1] No Malleus Maleficarum de 1484, um dos tratados demonológicos medievais mais influentes de sua época[2] o inquisidor Heinrich Kramer argumenta: “podemos citar a opinião de S. Tomás ao discutir os poderes do diabo e como ele opera: não obstante certas formas com substância serem produzidas pelo engenho humano e pela força de agentes naturais, do modo como , por exemplo, se produz o fogo da madeira, nem sempre se consegue combinar os agentes apropriados nas devidas proporções para produzi-las, embora ainda assim se consiga produzir algo semelhante. De sorte que os alquimistas conseguem produzir algo semelhante a ouro, isto é, no seu aspecto externo, mas não ouro genuíno, porquanto a substância áurea não é formada pelo calor do fogo que empregam, mas pelo calor do sol, ao agir e reagir em determinado lugar, onde se concentra e se acumula a força mineral Portanto, embora o ouro produzido seja do mesmo aspecto que o natural, não é da mesma natureza deste. O mesmo argumento se aplica a todas as outras transmutações”.[3]



[1] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and water wheel, New York:Harper Collins, 1994, p.230

[2] DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente 1300-1800, São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p. 248

[3] KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. Martelo das feiticeiras, Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997, p.63




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