domingo, 27 de fevereiro de 2022

A prática de canibalismo na civilização minoica

 

Em 1870 Heinrich Schliemann descobriu as cidades de Troia, que até então se acreditava mitológica tal como descrita por Homero na Ilíada, que agora se acredita tratar-se de um poema histórico – os detalhes podem ser fictícios, mas a essência como os personagens principais ali descritos bem como locais são reais. A escrita Linear A encontrada na Creta Minoica de 3500 a.c. a 2000 a.c no palácio de Cnossos do rei Minos  na ilha de Creta por Arthur Evans em 1894, até hoje não foi decifrada, com semelhança com os hieróglifos egípcios[1]. Trata-se de uma escrita usada no palácio. A civilização minoica que segundo Evans remonta vestígios neolíticos de dez mil anos a.c.[2] foi destruída por volta de 1400 a.c. Evans publicou em 1936 “O palácio de Minos em Cnossos” dividindo a civilização minoica em três períodos: minoico antigo (3400-2100), minoico médio (2100-1580) e minoico recente (1580-1250 a.c.). Heródoto por volta de 480 a.c se refere a história do rei Minos assim como as descrições da epopeia da Ilíada e Odisseia: “Existe uma terra, por nome Creta, situada no vinoso mar, bela fértil, cingida de água por todos os lados: seus habitantes, inumeráveis, distribuem-se por noventa cidades [...] Entre essas cidades sobressai uma, Cnossos, na qual, desde nove anos de idade, reinou Minos, confidente do grande Zeus”. O conceito de uma civilização avançada para sua época e pacífica foi questionado por descobertas feitas em 1979 numa casa em Cnossos por Peter Warren que encontrou em um dos aposentos da casa vestígios de ossos humanos misturados a caracóis e mariscos comestíveis. Novos aposentos encontraram os mesmos vestígios sem que houvesse qualquer sinal de sepultamento. Os arqueólogos de início relutaram em admitir que se tratam de evidências da prática de canibalismo, mas não puderam evitar a conclusão óbvia. James Peter observa que se tais ossos fossem de animais não haveria qualquer dúvida de que se tratava de restos de refeição. Para Peter Warren trata-se da consumação de algum ritual canibal praticado contra crianças, o que pode explicar a lenda do Minotauro, o odioso mostro capaz de comer crianças nas lendas de Teseu, tal como contado nos versos de Homero. [3]



[1] EYDOUX, Henri Paul. Á procura dos mundos perdidos, São Paulo:Melhoramentos, 1967, p. 146

[2] LISSNER, Ivar. Assim viviam nossos antepassados, Belo Horizonte, Itatiaia, 1968, p. 334

[3] JAMES, Peter; THORPE, Nick. O livro de ouro dos mistérios da antiguidade, Rio de Janeiro: Ediouro, 2002, p. 371



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