Cristóvão Colombo no seu exemplar de Historia rerum
ubique gestarum livro escrito por Eneias Piccolomini futuro papa Pio II em
1458 sublinhou o texto em que se refere a uma terra de amazonas não no
continente mas numa ilha, um mito que foi realimentado com a descoberta das
Americas. Em 1493 os índios de Ispaniola (hoje Haiti) informaram a Colombo a
existência da ilha de Matinino, povoada por mulheres guerreiras. O padre
Cristoval de Acuña se refere que “o tempo descobrirá a verdade se estas são
as amazonas afamadas dos historiadores, que tesouros encerram em suas terras
para enriquecer a todo o mundo”.[1] Walter
Raleigh empreendeu sem sucessos duas expedições, em 1595 e 1616 em busca das
amazonas, mulheres guerreiras que trocavam ouro por pedras de jade ou uma
variedade de feldspato chamada de amazonita. Sua existência também é relatada
na mesma época por Hernando de Rivera no Paraguai e por André Thévet, ou por
Jean Mocquet em 1617 [2]. Segundo
o relato de frei Gaspar de Carvajal (1504-1584) os próprios índios alertaram Francisco
de Orellana sobre as amazonas e sugeriam que fossem “ver as amazonas, que na
sua língua era coniupuiara, o que significava grandes senhoras, mas que
prestássemos atenção no que fazíamos, porque éramos poucos e elas muitas, para
que não nos matassem [...] eram muito robustas, estavam despidas, porém com as
partes pudentas cobertas, empunhavam arcos e flechas e lutavam tanto quanto dez
índios”.[3] Frei Gregorio Garcia em Origen de los
índios del Nuevo Mundo e Indias Ocidentales publicado em 1607 sugerira que
as amazonas encontradas no Brasil eram mulheres guerreiras que teriam vindo da
Grécia a partir da viagem dos argonautas gregos. Na Ilíada de Homero as
amazonas são descritas como mulheres guerreiras que viviam numa terra a leste
da Grécia e as quais tinham o seio direito extraído quando crianças para
facilitar o uso do arco (amazonas significa em grego a – sem, mazos
– seio). Estrabão se refere as amazonas que viviam nas montanhas da Albânia,
enquanto Heródoto se refere a Sarmácia na região do baixo Volga. Segundo a
lenda mulheres amazonas que teriam atacado Orellana em 1541 retiravam pedras
conhecidas como muiraquitãs de um lago chamado espelho da lua para presentear
os homens que as visitavam anualmente.[4] Padre Manuel
da Nóbrega em Cartas ao Brasil se refere a índios que tiveram contato com as
Amazonas e que guerreavam com elas: “são estas as Amazonas tão guerreiras,
que vão a guerra contra eles, e os mais valentes que podem tomar, destes
concebem. E se parem filho, dão-no a seu pai ou o matam, e se filha criam-na e
cortam-lhe o peito direito”.[5] O
espanhol Francisco Lopez de Gomara (1511-1566) escreveu: “Não acredito que
mulher alguma queime ou corte o seio direito para ser capaz de aturar com o
arco, pois atiram muito bem com ambos os seios. Jamais se viu isso ao longo
desse rio e jamais se verá Graças a essa impostura, muitos já escrevem e falam
do rio das Amazonas”. O padre Simão de Vasconcelos (1597-1671) se refere a “finalmente
há outra nação de mulheres também monstruosas no modo de viver (são as que
chamamos hoje de Amazonas, semelhantes às da Antiguidade, e de que tomou o nome
do rio), porque são mulheres guerreiras, que vivem por si sós, sem comercio de
homens, habitam grandes povoações de uma província inteira, cultivando as
terras, sustentando-se de seus próprios trabalhos. Vivem entre grandes
montanhas, são mulheres de valor conhecido que se tem conservado sem o
consórcio de varões [...] Criam entre si só as fêmeas deste ajuntamento, os
machos matam ou os entregam as mais piedosas aos pais que os levam”.[6]
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