George Sarton também aponta que os estoicos dedicaram pouca atenção à ciência e favoreceram a adivinhação (manteia) e a astrologia.[1] Segundo os estoicos, os astros quando em seu movimento retornam ao mesmo signo e posição que se encontravam no início do universo neste momento se realiza uma conflagração e destruição de seres com o retorno à ordem cósmica original, reiniciando-se a história do universo. E tal retorno universal ocorre não apenas uma vez, mas diversas vezes e assim as coisas voltarão ao infinito e sem termo, ou seja, o estoicismo não traz o conceito de progresso contínuo mas o de uma lei de eterno retorno[2] Moses Finley aponta contradições na doutrina estoica que ao mesmo tempo em que realça a astrologia de outra parte fez importantes contribuições à teoria física[3]. G. Lloyd destaca que embora possa se encontrar no estoicismo alguns dos conceitos modernos da física posterior como o de campo de força, os estoicos adotavam uma abordagem puramente filosófica sem o recurso a recursos matemáticos e não relacionado com a prova experimental.[4] A abordagem teleológica dos estoicos os inclinava a enxergar correlação em fatos sem qualquer ligação o que favorecia a adivinhação e astrologia. Crisipo argumenta que assim como o invólucro é feito para o escudo e a bainha para a espada, assim também as outras coisas são geradas para algo diverso, como as messes e os frutos que a terra produz para os animais, os animais para o homem.[5] Paulo Abrantes, contudo, propõe que os estoicos foram uma influência importante no desenvolvimento da ciência do século XVII na medida em que unificavam a física, a lógica e a moral sob o mesmo logos e eliminavam a distinção entre mundos sub e supra lunar fazendo a pneuma se estender por todo o cosmo.[6] Os estoicos desenvolveram o modelo de um universo orgânico caracterizado pela continuidade e atividade, unificada pela pneuma como elemento ativo e racional identificado com a própria divindade, ao passo que adeptos de Epicuro tinham uma visão mecanicista do universo[7] e acreditavam numa matéria discontínua e passiva, composta de átomos inertes e discretos. [8]
[1] SARTON, George.
Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires,
1959, p. 168
[2] MONDOLFO, Rodolfo. O
pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre
Jou, 1973, p. 105
[3] FINLEY, Moses. Los
griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 189
[4] LLOYD, G. Ciência e matemática.
In: In: FINLEY, Moses. O legado da Grécia. Brasília: UNB, 1998, p. 318
[5] MONDOLFO, Rodolfo. O
pensamento antigo: desde Aristóteles até os neoplatônicos, São Paulo: Mestre
Jou, 1973, p. 107
[6] ABRANTES, Paulo.
Imagens de natureza, imagens de ciência, Campinas:Papirus, 1998
[7] LINDBERG,
David C. The Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição
do Kindle. 2007, p.81
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