O Museu de Alexandria foi o centro da investigação científica e sua biblioteca anexa o centro das humanidades, embora ainda se discuta se a biblioteca fazia parte do Museu[1]. Segundo Perry Anderson seu principal objetivo era promover investigações que levassem a aperfeiçoamentos militares e de engenharia ao invés de dispositivos que poupassem trabalho.[2] O museu (mousaion)[3] de Alexandria (Templo das Musas/Musai[4] inspiradoras de toda criação criativa, um lugar para se celebrar as artes tal com as musas celebravam[5]) citado por Estrábão como uma parte dos palácios reais, foi construído por um dos generais de Alexandre Magno, Ptolomeu I em 294 a.c com o apoio de Demetrio de Falereo (345-283 a.c.) e Estraton de Lampsaco, conhecido como “O Físico”[6]. No período helenístico a biblioteca de Alexandria guardava mais de 70 mil livros na forma de rolos e papiros[7] e era um centro de estudos superando Atenas[8]. George Sarton indica 400 mil rolos em seu apogeu, porém, não é possível estar seguro do número correto[9]. René Taton menciona 700 mil volumes.[10] Lionel Casson se refere a 490 mil livros.[11] David Lindberg considera o número de 500 mil rolos com ceticismo. [12] Ptolomeu III Evergetes (que governou de 247-222 a.c. ordenou que todos os viajantes que chegassem a Alexandria deveriam ceder seus livros para Biblioteca para realização de cópias.[13] A cópia de livros era realizada por escravos especializados chamados librarii ou amanuenses. Os livreiros (bibliopolae) faziam suas negociações no Argiletum junto aos vendedores de livros (libelliones). Entre os livreiros destacam-se os irmãos Sosii mencionados por Horácio, Dorus que vendia as obras de Tito Lívio e Sêneca. [14]
[1] SARTON, George.
Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires,
1959, p. 147
[2] ANDERSON, Perry.
Passagens da antiguidade ao feudalismo, Porto: Afrontamento, 1982, p. 55
[3] TATON, René. A ciência
antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 96
[4] ROSTOVTZEFF, M.
História da Grécia. Rio de Janeiro:Zahar, 1983, p.302
[5] CASSON, Lionel.
Bibliotecas no mundo antigo, São Paulo:Vestígio, 2018, p. 45
[6] SARTON, George.
Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires,
1959, p. 30, 148; FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad. Barcelona:
Editorial Labor, 1966, p. 118
[7] STRATHERN, Paul. O
sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química, Rio de Janeiro:Zahar,
2002, p.31; McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science
and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University
Press, 1999, p.80; MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora
Nacional, 1974, p.75
[8] SEDGWICK, W.; TYLER, H;
BIGELOW, R. História da ciência: desde a remota antiguidade até o alvorescer do
século XX, Rio de Janeiro:Ed. Globo, 1952, p.89; DURANT, Will. A filosofia de
Aristóteles. Rio de Janeiro, Ediouro, 1982, p.25
[9] SARTON, George. Ciencia
antigua y civilizacion moderna, Buenos Aires, Fondo de Cultura, 1960, p.19
[10] TATON, René. A ciência
antiga e medieval, tomo I, livro 2, Sâo Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 97
[11] CASSON, Lionel.
Bibliotecas no mundo antigo, São Paulo:Vestígio, 2018, p. 49, 115
[12] LINDBERG, David C. The
Beginnings of Western Science. University of Chicago Press. Edição do Kindle. 2007,
p.72
[13] SARTON, George.
Historia de la ciência, Buenos Aires:Editorial Universitaria Buenos Aires,
1959, p. 150
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