Alguns historiadores entendem que havia em Lisboa do
século XV uma burguesia mercantil nascente que teve um papel importante nos
descobrimentos. Luís de Albuquerque mostra que a criação de mercados começou a
ser encorajada por Afonso III (1269) em diversas localidades impulsionando o
comércio interno de modo que já em 1282 há registros de comerciantes
portugueses em Flandres e algumas praças inglesas[1]. A revolução
de 1383 será a pedra de toque que marca o prestígio desta burguesia mercantil:
“ao iniciar-se o século XIV a
burguesia comercial está no vértice do seu poder, enriquecida e próspera”.[2] A Casa
dos Vinte e Quatro foi criada em 16 de dezembro de 1383, por D. João, Mestre de
Avis (futuro D. João I) com o objetivo de permitir que os mesteiraes (termo
do português medieval referindo-se aos mestres da corporação[3]) participassem
no governo da cidade elegendo um presidente chamado Juiz do Povo.[4] Com a revolução
do Mestre de Avis o cronista Fernão Lopes argumenta que há uma mudança de
mentalidade em Portugal: “se levantou outro mundo e nova geração de gentes”.[5] A
ascenção da dinastia de Avis representou a derrota dos interesses feudais e a
hegemonia da pequena e média nobreza, bem como dos setores comerciais urbanos
ligados aos ofícios. Entre os vinte e quatro representantes em Lisboa e no
Porto eram nomeados quatro deles, os procuradores dos mesteres para
representar os interesses da corporação no Conselho Municipal com direito de
voto [6]. O termo
mesteirais designa, na sociedade portuguesa medieval, um grupo de artífices
dentro de uma postura corporativista, profissional e organizada, dentro de
trabalhos artesanais, também chamado de corporação de ofício. A origem provém
dos povos godos pelo qual é o mister ou ofício que define a condição serviçal,
de modo que os servos eram designados ministeriales de onde teria origem
o termo mesteirais.[7]
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