sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Os truques de Anhanguera para extrair conhecimento indígenas

 

A madeira do guaico conhecida como “pau santo” tornou-se sensação dos meios europeus do século XVI no tratamento da sífilis.[1] No século XVII o médico Adrien Helvetius usou com sucesso a ipecacuanha no tratamento de diarreia sanguinolentas[2] e da disenteria que acometia um membro da família real de Luis XIV [3]. A planta havia sido descrita por Marcgrave e Piso em sua Historia naturalis brasiliae de 1648.[4] Thevet refere-se ao pena-absou ou andiroba que os índios aplicavam aos ferimentos de flechadas.[5] Os índios desconheciam o uso do álcool. Uma tela de Teodoro Braga mostra lenda de 1646 em que o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva ao ver as índias de Goiás usando joias de ouro perguntou de onde se encontravam as jazidas do metal. Então resolveu acender uma vasilha com álcool, de modo que os índios pensaram que ele teria posto fogo em água e poderia fazer o mesmo no rio caso os índios não seguissem suas ordens, o que os levou a revelar as jazidas na Serra Dourada e vizinhanças; o truque teria rendido a Bartolomeu Bueno da Silva o nome de Anhanguera (diabo velho).[6]



[1] MANGOLD, Lydia Mez. Imagens da história dos medicamentos, Basileia:Hoffman La Roche, 1971, p.104

[2] RIBEIRO, Berta. O índio na cultura brasileira, Rio de Janeiro: Unibrade, Unesco, 1987, p. 63

[3] TATON, René. A ciência moderna: o século XVII, tomo II, v.2, São Paulo:Difusão, 1960, p.204

[4] TATON, René. A ciência moderna: o século XVII, tomo II, v.2, São Paulo:Difusão, 1960, p.216

[5] METRAUX, Alfred. A religião dos tupinambás e suas relações com as das demais tribos tupi-guaranis, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1950, p. 187

[6] TREUE, Wilhelm. A conquista da terra, Porto Alegre: Globo, 1945, p. 238



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