Para Platão (428 – 348 a.c.), discípulo de Sócrates, a
verdadeira realidade é uma ideia essencial, permanente e imutável e que deve
ser buscada na filosofia, algo que só pode ser contemplado pelo pensamento. A
verdade das coisas do mundo material não está nas coisas em si, mas na sua
conformidade com as essências eternas, com as ideias eternas de Deus. Portanto,
aquilo que conhecemos pelos sentidos são cópias imperfeitas da verdade
essencial e perfeita presente no mundo das ideias, de modo que a prática
filosófica é algo essencialmente teórico que busca o abandono do mundo sensível
e superação da experiência concreta[1]. Quando
um matemático demonstra uma proposição sobre os triângulos, não está a se referir
ao triângulo tal como desenhado em sua folha de papel, mas ao triângulo
perfeito de um mundo abstrato, ou seja, somente o inteligível é que é real,
perfeito e eterno enquanto o sensível é aparente, defeituoso e transitório.[2] Da mesma
forma que os fenômenos visíveis nos ceus não corresponde à verdadeira
astronomia, o triângulo desenhado na areia não é o verdadeiro objeto da
geometria, o triângulo ideal.[3] Na
República, Platão observa que “se queremos que a inata inteligência da alma
se volte para genuíno estudo da
astronomia, temos de proceder, como fizemos em geometria, por meio de
problemas, e deixarmos de observar o ceu estrelado”.[4] Nas palavras de Sócrates tal qual reproduzidas por Platão: “O firmamento
constelado que contemplamos está suspenso sobre um solo visível, e, pois,
conquanto seja a mais bela e perfeita das coisas visíveis, deve ser
necessariamente reputado inferior aos verdadeiros impulsos da rapidez absoluta,
da absoluta inteligência [... Estas apreende-se com a razão e a inteligência,
não a visão [...] Que se utilizem os céus constelado como imagem e meio de
obtenção desse conhecimento superior, mas não imaginem os astrônomos que as
proporções da noite para o dia ou das estrelas entre si sejam eternas [...] Não
menos absurdo é dar-nos a tantas penas para investigar sua verdade exata. Tanto
em astronomia como em geometria, façamos nossos problemas, mas deixemos os céus
em paz, só assim podemos abordar diretamente o problema e tirar algum proveito do
dom natural da razão”.[9] Em De philos Aristóteles defende que os
astros tenham movimento inteligente voluntário, porém mais tarde irá abandonar
esta ideia e atribuir ao éter luminoso, o puríssimo fogo superior, ou quinta
essência também denominado por Parmênides como o Olimpo[5], o
movimento circular dos astros engastados em esferas celestes movidas por
inteligências motoras[6] de modo
que quanto mais afastados do Primeiro Motor menos perfeito seu movimento que
deixa de ser circular na região sublunar onde a ação do ceu superior se esgota
de modo que em lugar do movimento circular eterno temos o movimento retilíneo
limitado entre um princípio e fim[7]. Na
concepção do universo no Timeu de Platão, a totalidade do mundo sensível
é um ser vivo com alma e corpo onde cada um dos astros são "engendrados
como corpos vivos vinculados às almas”. Os astros são, portanto, tal como o
homem entidades duais com uma alma aprisionada num corpo (Leis 898). No Sofista
Platão afirma “As ideias tem vida, alma e movimento [...] se os entes fossem
imóveis não haveria inteligência para ninguém, de coisa nenhuma e em nenhum
lugar”.[8]
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