Luís de Albuquerque mostra que D. Dinis procurou impulsionar a marinha portuguesa e seguindo os passos da Galiza, Inglaterra, França e Aragão assina um acordo em 1317 que inclui a vinda técnicos genoveses sob a liderança do genovês Micer Manuel Peçanha/Pessanha/Pessagno/Pezagno que passa a ser o responsável pela organização da Marinha do rei de Portugal incluindo a construção naval tendo em vista a possibilidade de estender os combates do rei Português contra os mouros até a costa africana.[1] O trabalho de Pessagno junto com sua equipe de genoveses entendidos em arte de navegar contribui para o desenvolvimento da indústria marítima em Portugal contribuindo para inserção de Portugal na cultura europeia, da mesma forma que a fundação da Universidade de Lisboa em 1290 aponta no mesmo sentido.[2] Damião Perez contesta que tal acordo tivesse maior influência nos desenvolvimentos subsequentes portugueses, no entanto Sérgio Buarque de Holanda registra que ainda em 1444 é confirmado no cargo de almirante Lançarote Peçanha, neto de Carlos.[3] Uma carta de privilégio é concedida a 6 de Junho de 1377 aos mercadores que mandarem fazer ou comprarem naus de cem ou mais toneladas. O rei concede àqueles autorização para cortar nas matas reais tôda a madeira necessária, e isenta-os do pagamento da dízima sobre o ferro e fulame que para o mesmo fim tiverem de importar, o que contribuiu para o desenvolvimento da indústria naval em Lisboa e no Porto.[4] Para a preparação da viagame de Vasco da Gama ás índias em 1498 o rei português contou com investimentos de Girolamo Sernige, um banqueiro florentino, interessado em desbancar o monopólio veneziano das especiarias para a Europa. [5] Um reflexo da influência dos genoveses na marinha portuguesa é o diário de bordo de Vasco da Gama que se refere ao uso de “agulhas genovesas” ao se referir as bússolas.[6] Lúcio de Azevedo observa que os espanhois em 1120 com o arcebispo guerreiro de Compostela já haviam contratado mestres de Gênova para construção duas galés para fins militares de modo que não seria estranho que os portugueses também buscassem auxílio dos genoveses para sua marinha dois séculos depois. [7]
[1] ALBUQUERQUE, Luís de.
Introdução à história dos descobrimentos portugueses, Lisboa: Europa América, 1959,
p 41
[2] JANOTTI, Aldo. Origens
da Universidade, São Paulo: Edusp,1992, p.121
[3] HOLANDA, Sérgio Buarque
de. Visões do Paraíso, São Paulo: Brasiliense, 2000, p. 398
[4] BAIÃO, Antonio.
História da expansão portuguesa no mundo. Lisboa:Editorial, Atica, 1937, p.96
[5] VELHO, Álvaro. O descobrimento
das Índias, o diário de viagem de Vasco da Gama, Rio de Janeiro: Objetiva,
1998, p. 29
[6] VELHO, Álvaro. O descobrimento
das Índias, o diário de viagem de Vasco da Gama, Rio de Janeiro: Objetiva,
1998, p. 59
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