Os
manuscritos herméticos medievais são ilustrados com frequência pelo dragão
ouroboros, símbolo da eternidade[1], que
morde “boros” a própria cauda “oura”, simbolizando a eternidade, acompanhado
da mensagem <O uno é o todo> Hen to pan[2]. Na
alquimia o ouroboros simboliza a transmutação da matéria.[3] No Egito
o papiro mágico ilustrado de Brooklyn revela a imagem de um ouroboros[4]. No
segundo sarcófago de Tutankhamon são mostrados suas serpentes ouroboros.[5] Ao
recriar-se a si mesmo simboliza a matéria em transformação, logo, a própria
alquimia. Segundo Julius Evola o símbolo ouroboros represente ao mesmo tempo o
Universo e a “Grande Obra”: “A fórmula que expressa esse princípio
encontramo-la já na Crisopea de Cleópatra: “Um o Todo” que devemos assimilar a “o
Telesma, o Pai de todas as coisas, está aqui” da Tábua de Esmeralda. Não se
trata, portanto, neste caso, de uma teoria filosófica (hipótese da
redutibilidade de todas as coisas a um princípio único), mas sim de um estado
concreto devido a uma certa supressão da lei de dualidade entre o Eu e o não-Eu
e entre dentro e fora, que salvo raros instantes domina a comum e mais recente
percepção da realidade”.[6] Esta imagem
inspirou Kekulé a desvendar a estrutura do benzeno.
[1] HARRIS, J. O legado do
Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.174
[2] LAFONT, Olivier. A
química. In: COTARDIÈRE, Philippe. História das ciências: da antiguidade aos
nossos dias, Rio de Janeiro:Saraiva, 2011, p.147
[3] LEXIKON, Herder.
Dicionário de símbolos, São Paulo:Cultrix, 1990, p. 150
[4] JACQ, Christian. O
mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.110
[5] CLARK, Rundle. Símbolos
e mitos do Antigo Egito, São Paulo:Hemus, (s.d.), p.75, 76
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