Em 1796 o padre botânico Manuel Arruda da Câmara formado em medicina em Montpellier e com passagem filosofia e ciências naturais na Universidade de Coimbra fundou o Aerópago de Itambé em Recife em Pernambuco[1] considerada a pioneira das lojas maçônicas no Brasil[2]. Na Bahia Cipriano Barata, estudante da Universidade de Coimbra e Marcelino de Souza foram denunciados à Inquisição de Lisboa em 1798 por questionarem doutrinas da Igreja, mais tarde dando origem ao movimento da Conjuração Baiana. O historiador Joaquim Felício dos Santos (1822-1895) mostra que quase todos os conjurados na Bahia eram pedreiros livres. Aquino observa, contudo, que a loja Maçônica Cavaleiros da Luz não era frequentada pelos soldados, artesãos e elementos das camadas populares.[3] Dentre os 33 presos processados haviam 11 escravos, cinco alfaiates, seis soldados, três oficiais, dois ourives, um pedreiro, um professor, um carpinteiro, um bordador, um negociante e um cirurgião.[4] Também encontravam-se entre os conspiradores membros das camadas mais humildes como alfaiates, sapateiros, pedreiros, cabeleireiros, soldados, gravadores, carapinas, ambulantes[5]. Membro da elite baiana, Jorge Borges Barros conseguiu fugir para Lisboa antes que os conjurados baianos na revolução dos alfaiates de 1798, cujos líderes eram exclusivamente mulatos[6], fossem descobertos entre os quais alguns maçoms[7]. Na ilha da Madeira José Borges Barros tornou-se grão-mestre da maçonaria. Logo envolveu-se na falsificação de papel moeda e moeda metálica para introdução no Brasil para financiar movimentos de revolta contra a Coroa portuguesa. As primeiras denúncias ao Santo Ofício de lojas maçônicas no Brasil datam do início do século XIX. Augusto de Lima Júnior em História da Inconfidência Mineira constata a existência de lojas maçônicas em funcionamento na Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais no final do século XVIII e este teria sido um dos pontos de aproximação do movimento mineiro com Thomas Jefferson em apoio a causa dos inconfidentes. Nos autos da devassa da inconfidência há o registro de que a casa de Antonio Vieira da Cruz primo do padre José da Silva e Oliveira Rolim funcionava em dezembro de 1788 um templo maçônico oculto, no Alto da Cruz em Vila Rica, sendo que maçoms os inconfidentes Tomás Antonio Gonzaga, Luís Beltrão de Gouveia e Tiradentes.[8] Segundo Mario Mello em Maçonaria no Brasil publicado em 1909, em 14 de julho de 1797 (data de aniversário da tomada ada Bastilha) foi fundada a Loja Cavaleiros da Luz na Bahia[9] depois “Virtude e razão”[10] devida ao francês Larcher[11]. Em 1802 o inglês Thomas Lindley já notara a atividade maçônica na Bahia muito embora sem as suas lojas regulares como em Lisboa e no Porto.[12] A primeira loja maçônica regular a funcionar no Brasil foi a Loja Reunião fundada em 1801 em Praia Grande em Niteroi [13]
[1] GOMES, Laurentino.
1822, Rio de Janeiro:Globo Livros, 2015, p.240; SODRÉ, Nelson Werneck. A
história da imprensa no Brasil, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966,
p. 18
[2] SILVA, Hailton Meira
da. Cultura Geral maçônica, Rio de Janeiro:Menthor, 2009, p.272
[3] AQUINO, Fernando,
Gilberto, HIran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo: Record, 2000,
p.360
[4] AQUINO, Fernando,
Gilberto, HIran. Sociedade brasileira: uma história, São Paulo: Record, 2000,
p.359
[5] COSTA, Emília Viotti.
Da monarquia à República: momentos decisivos, São Paulo:Brasiliense, 1987,
p.32, 123; SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na
sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 383
[6] RUSSELL WOOD, Escravos e libertos no Brasil colônia,
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p.125
[7] CALMON, Pedro. História
da Civilização Brasileira. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1937, p.171
[8] Autos da Devassa da Inconfidência Mineira, Brasília: Câmara dos Deputados, 1981,
p. 506
[9] GARCIA, Paulo. Cipriano
Barata ou liberdade acima de tudo, Rio de Janeiro: TopBooks, 1997, p.178
[10] CALMON, Pedro. História
da civilização brasileira, Brasília: Senado Federal, 2002, p. 171
[11] VIANNA, Helio. História
do Brasil, primeira parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.362
[12] CALMON, Pedro. História
da civilização brasileira, Brasília: Senado Federal, 2002, p. 170
Nenhum comentário:
Postar um comentário