Roger Bacon teve desentendimentos com São Boaventura, superior da ordem dos franciscanos principalmente por causa da alquimia[1]. Roger Bacon via com entusiasmo as perspectivas da alquimia. Em Opus Tertium escreve: “mas há uma outra alquimia, operativa e prática, que ensina como fazer os metais nobres e as cores e muitas outras coisas melhor e com mais arte do que são feitas na natureza. E a ciência desse tipo é maior do que todas as precedentes porque produz mais utilidades”[2]. Para Stewart Easton, talvez a melhor tradução para a expressão “scientia experimentalis”[3] muito usada por Roger Bacon seja “ciência da experiência” ao invés de “ciência experimental”. Em Opus majus Bacon escreve: “quero agora expor as raízes da scientia experimentalis, porque sem a experiência experientia nada se pode saber suficientemente”.[4] Ainda segundo Roger Bacon: “sem experimentos nada pode ser adequadamente conhecido. Um argumento prova teoricamente, mas não dá a certeza necessária para remover a dúvida”.[5] Para Roger Bacon tal ciência não é transmitida aos profanos: “Os sábios omitiram tais assuntos em seus escritos ou tentaram ocultá-los sob uma linguagem metafórica. Como ensinaram tanto Aristóteles no seu livro Secreta secretorum [de ampla divulgação na idade média] como também o seu mestre Sócrates, os segredos das ciências não são escritos em peles de cabra ou de ovelha de modo a torna-los acessíveis às multidões”[6]. Christopher Dawson “Foi Roger Bacon, afinal de contas, quem primeiro concebeu a ideia de uma síntese total entre o conhecimento científico e filosófico, um projeto destinado a alargar os laços da vida humana e dar à civilização cristã o poder de unir o mundo”.[7]
[1] RONAN, Colin. História
Ilustrada da Ciência: Oriente, Roma e Idade Média. v.2, São Paulo:Jorge Zahar,
2001, p.141
[2] LYONS, Jonathan. A casa
da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.143
[3] LE GOFF, Jacques. A
civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 337
[4] GILLISPIE, Charles.
Dicionário de biografias científicas, Rio de Janeiro:Contraponto, 2007, p. 186
[5] AQUINO, Felipe. Uma
história que não é contada, Lorena: Cleofas, 2008, p. 169
[6] ROSSI, Paolo. O
nascimento da ciência moderna na Europa, Bauru:Edusc, 2001, p. 46
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