sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Migrações forçadas no período dos incas

 

Próximo a Cusco foram encontradas ruínas das termas de Tambomachay[1] conhecido como “Banho Inca”. Na língua quíchua tambo significa lugar de repouso e de abastecimento, enquanto machai significa gruta. Terraços artificiais sugerem que o local era usado para banhos termais.[2] Elizabeth Baity, destaca a falta de liberdade do povo inca: “ninguém estava livre para mudar de ofício ou procurar melhorar a sua sorte. Nenhuma jovem inca podia ter esperanças de progredir”.[3] As estradas que totalizam algo como 40 mil quilômetros tinham um papel vital na unificação do império inca[4], entre as quais se destacam as estradas de Tumbes no Peru a Maule no centro sul do Chile (caminho Qhapac Nan), e a estrada de Pasto a Cuyo em Mendoza na Argentina.[5] Waldemar Soriano destaca que as estradas incas não tinham como proposta a unificação do império nem para o desenvolvimento do comércio ou movimentação de campesinos, mas atendia finalidades migratória planejadas pelo Estado e para servir de caminho para os mensageiros, bem como translado dos guerreiros[6]. Os povos dominados pelos incas eram muitas vezes forçados a migrar em massa para outras partes do império para trabalhar como escravos em uma ação conhecida como mitmaquna. Tais contingentes de pessoas era conhecido como mitimaes. Estima-se que tais migrações forçadas tenham atingido de 20% a 30% da população. No começo do século XVI o rei Huayna Cápoac ao conquistar a região de Cochabamba na Bolívia ordenou a remoção de praticamente todos os moradores da região. Pedro Sarmiento de Gamboa narra que “o imperador obrigava os mitimaes a aprender a língua da nação para onde eles mudavam, sem esquecer a língua geral, o quéchua / Keshua, que todos das províncias conquistadas deveriam aprender e saber”.[7] O termo quéchua significa “povo do vale quente”.[8]



[1] Focus Filmes. DVD. Os segredos da arqueologia. Os caminhos até o Eldorado, Novara, Itália, v.5, 2002

[2] LONGHENA, Maria; ALVA, Walter. Peru Antigo. Grandes civilizações do passado. Madrid:Folio, 2006, p.221

[3] BAITY, Elizabeth Chesley. A América antes de Colombo. Belo Horizonte:Itatiaia, 1963, p.192

[4] COE, Michael. Antigas Américas, mosaico de culturas, v. II Madrid:Ed. Del Prado, 1996, p. 201

[5] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 388

[6] SORIANO, Waldemar. Los incas: economia sociedade y estado em la era del Tahuantinsuyo, Peru:Amaru Editores, 1997, p. 391

[7] NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da América Latina, Rio de Janeiro: Leya, 2011, p. 92

[8] HAGEN, Victor. Realm of the incas, New York: New American Book, 1961, p. 43



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