Varnhagen ao tratar sobre a Inquisição portuguesa no
Brasil no século XVIII relata que entre os perseguidos encontravam-se médicos,
advogados e eclesiásticos porém não consta nenhum colono do Brasil perseguido a
título de franc maçon ou pedreiro
livre[1] no
século XVIII. Jaime Cortesão estima que a maçonaria tenha surgido em Portugal
em 1733.[2] O papa Clemente XII lançou o primeiro anátema da
Igreja contra os maçons na bula In
Eminenti [3] de
24 de abril de 1738 “tendo em mente o
grande prejuízo que é muitas vezes causado por essas Sociedades ou Convenções
não só para a paz do Estado temporal, mas também para o bem-estar das almas”.[4] Tal condenação foi confirmada pela bula Providas
Romanorum de 1751 do papa Benedito XIV, pela Ecclesiam a Jesu Christo de 1821 e diversos outros documentos
papais.[5] Durante a chamada “questão eclesiástica”
ao final da monarquia, que envolveu o conflito da Igreja com o Estado Imperial,
foi questionado que tais bulas por não terem recebido o placet do Estado não teriam valor legal e não poderiam portanto ser
impostas pela Igreja, uma vez que devida a vinculação do Estado à Igreja, uma
punição no âmbito da Igreja traria consequências civis ao punido restringindo
seus direitos de cidadão.[6] Um relatório datado de 14 de abril de 1803, feito pelo corregedor José
Anastácio Lopes Cardoso forma um dossiê sobre Hipólito José da Costa, o mais
influente pedreiro-livre luso-brasílico no início do século XIX e acusa a
participação dos maçons em atividade de sublevação da colônia como a Conjuração
Mineira (1789), impropriamente conhecida como Inconfidência Mineira[7] visto que o termo inconfidência remete á época aos acusados de traição ao Rei e
a Conjuração Baiana (1798).[8] Hipólito da Costa foi preso por três anos pelo Santo Ofício acusado de
pertencer a maçonaria denunciado pelo seu adversário o padre José Agostinho de
Macedo que alega ter sido ele o autor do folheto anônimo ”Cartas sobre a franco
maçonaria” publicada em Amsterdã em
1803 em Londres em 1805. Hipólito da
Costa não admitiu a autoria, mas nunca a negou e conseguiu escapar da prisão,
disfarçado como um empregado da prisão, refugiando-se em Londres, onde pode
publicar um livro contando os detalhes de sua prisão e de como escapou de ser
levado à fogueira, bem como do periódico Correio Brasiliense que se notabilizou pela
crítica ao Império português.[9] Kenneth Maxwell destaca que a formação de sociedades secretas como a maçonaria
e a Sociedade Literária do Rio de Janeiro atendia a uma pressão por organização
política contra a metrópole. [10]
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