sábado, 8 de janeiro de 2022

Fábrica de pólvora na Lagoa Rodrigues de Freitas

Em 1807 foi instalada às margens da Lagoa Rodrigues de Freitas no Rio de Janeiro[1] a primeira fábrica de pólvora do Brasil para o Exército e Marinha com sistema de pilões acionados por moinho hidráulico em um sistema de grande semelhança com o apresentado na Enciclopédia francesa.[2] Já nesta época a Lagoa era conhecida como Rodrigo de Freitas. A Real Fábrica de Pólvora tinha por atribuição manufaturar a “quantidade necessária não só para os diferentes objetos do meu real serviço, mas para o consumo dos particulares em todos os meus domínios do continente do Brasil e ultramarinos”.[3] A escolha do espaço junto à lagoa deu-se por motivos estratégicos, já que o local reunia condições ideais para o empreendimento, como água em abundância e em desnível, necessária à movimentação das máquinas de produção de pólvora, além de estar distante do centro administrativo e populacional da corte.[4] Antes, no mesmo local havia um engenho de propriedade de Maria Leonor filha do Oficial de Cavalaria do Exército Português Rodrigo de Freitas (1684-1748).[5] Em 1808 foi criada junto à fábrica  um “jardim para plantas exóticas” sob direção  de Joaquim Gomes da Silva Mendonça futuro marquês de Sabará. D. João VI plantou a famosa “palmeira mater” em 1809 trazida da Ille de France pelo Oficial Luís de Abreu. Em 1851 a fábrica de pólvora foi incendiada e desde então não foi mais reconstruída e o jardim sob o governo de D. Pedro I tornou-se verdadeiramente um jardim botânico. [6]


[1] BEAUCLAIR, Geraldo. Raízes da indústria no Brasil, Rio de Janeiro:Studio F&S, 1992, p. 82

[2] FILGUEIRAS, Carlos. Origens da química no Brasil, Campinas:Ed. Unicamp., 2015, p.205; PIVA, Teresa C. C.; FILGUEIRAS, Carlos A. L.. O fabrico e uso da pólvora no Brasil colonial: o papel de Alpoim na primeira metade do século XVIII. Quím. Nova, São Paulo , v. 31, n. 4, p. 930-936, 2008.

[3] http://linux.an.gov.br/mapa/?p=2792

[4] http://mapa.an.gov.br/index.php/dicionario-periodo-colonial/226-real-fabrica-de-polvora-1808-1821

[5] SEARA, Berenice. Guia de roteiros do Rio Antigo, Rio de Janeiro:InfoGlobo, 2004, p. 160

[6] GERSON, Brasil. História das ruas do Rio, Rio de Janeiro: Brasiliana, 1965, p. 400 



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