Nelson Werneck Sodré observa que os anos 1850 experimentaram um período de grande euforia financeira com novas inciativas comerciais, industriais e financeiras onde a circulação monetária foi grandemente alargada com a faculdade emissora concedida ao Banco do Brasil.[1] Para Raimundo Faoro a época revela que “o país despertava mais para a aventura do que para o progresso”.[2] Em 1866 Mauá vendeu a parte de sua companhia de iluminação a gás aos ingleses. [3] Em Pernambuco parte do capital antes usado no tráfico de escravos passa a ser empregado em investimentos industriais, tais como a construção de uma fábrica de velas em 1860, fábricas de tecidos de algodão em 1861, no entanto, os dados mostram pouco investimento em maquinaria nos engenhos de açúcar até a década de 1870.[4] No Rio de Janeiro é fundada em 1894 a fábrica de tecidos Bangu com técnicos todos vindos da Inglaterra. Outras fábricas de tecidos fundadas no século XIX no Rio de Janeiro incluem a São Lázaro de Teixeira de Azevedo no Caju absorvida pelo Arsenal de Guerra; a Aliança nas Laranjeiras no final da rua Glicério; a Cruzeiro da América Fabril na rua Barão de Mesquita e a Fábrica Confiança Industrial em Vila Isabel[5] constituída em 1885, onde hoje é o Supermercado Extra da rua Maxwell (figura), e inicialmente alimentada pela energia hidráulica a partir das águas do rio Joana, posteriormente substituído por um sistema de captação de águas pluviométricas e de água de poços e pela energia elétrica fornecida pela Light and Power Company.[6] O Senador Torres Homem em Minerva Brasilense publicada em 1843 demonstra o interesse nos benefícios que acompanham a ciência do fim de século: “A nossa idade terá a glória de haver tirado a ciência de suas compreensões egoístas. Mais popular hoje em dia, ela não vive exclusivamente no recinto das academias; percorre os campos, visita as oficinas, e vem presidir até os modestos arranjos da vida doméstica. Que poderosos auxílios dados às artes pela química e a física! Enquanto uma dotava de uma multidão de processos novos, os domínios das indústrias, a outra estendia a esfera do poder do homem sobre o universo físico que o encadeia e limita, substituindo a força dos músculos pela ação emprestada dos agentes da natureza, armando com máquinas a fraqueza de seus membros”.[7]
[1] SODRÉ, Nelson Werneck.
Formação histórica do Brasil, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,1979, p.247
[2] FAORO, Raymundo. Os
donos do poder: formação do patronato político brasileiro, v.2, São Paulo:Ed.
Globo, 2000, p.29
[3] McDOWALL, Duncan. A
história da empresa que modernizou o Brasil, Rio de Janeiro:Ediouro, 2008, p.
171
[4] EISENBERG, Peter.
Modernização sem mudança: a indústria açucareira em Pernambuco 1840-1910. São
Paulo: Unicamp, 1977, p.94
[5] GERSON, Brasil. História das ruas do Rio, Rio de Janeiro: Brasiliana, 1965, p. 522
[6] BORGES, Delane; BORGES, Marilane da Silva. A Vila da Isabel e Drumond a Noel. Rio
de Janeiro: Lions Internacional, 1987, p. 82
[7] CARVALHO,
José Murilo. A construção nacional 1830-1889, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012,
p. 232; LIMA, Lilian Martins, Um discurso sobre o Brasil: uma análise do jornal
Minerva Brasiliense - Rio de Janeiro (1843-1845) Revista História. Revista
online do Arquivo Público de São Paulo. Nº 55 - Ano 08 - Agosto de 2012. http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao16/
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