Os jogadores do jogo da pelota (ulama) eram
nobres que usavam cintos de pedra em forma de U forrados feitos de tecido ou
fibras trançadas para proteger os quadris, além do uso de finas máscaras ou
hachas, reproduzindo feições humanas, carnívoros, araras ou perus[1]. Havia
dois times de dois ou três jogadores e o objetivo era acertar uma bola de
borracha pequena e sólida através de anéis dispostos ao longo do campo de modo
a marcar pontos. O time perdedor quase sempre era sacrificado. O British Museum
guarda um cinto cerimonial feito de pedra com peso de 45 quilos datado do ano
100 d.c. usado na abertura do jogo. O desenho do cinto é o de um sapo
estilizado e remete a luta cósmica da vida contra a morte [2]. Para os
astecas (1250 a 1521 d.c), o jogo representava uma batalha das forças noturnas
lideradas pela Lua e estrelas contra o Sol personificado pelo Huitzilopochtli,
o deus protetor. A quadra representava o mundo e a bola o sol e a lua. Os
sacrifícios humanos tinham, assim, a função de manter o sol iluminando a Terra.
Daí a importância do jogo para a manutenção da vida.[3] Segundo
Jacques Soustelle: “fugir a esse dever
cósmico é trair os deuses”.[4] Segundo
Joathan Leonard: “tais cenas de
sacrifício não lhes pareciam de modo algum horripilantes, como também não o
eram para as vítimas. A morte, em si mesma, não era muito temida, e a morte
ritual, pela mão dos sacerdotes, era considerada uma honra”.[5] . Miles
Pointdextetr aponta as semelhanças da palavra teotl em mexicano que significa a divindade com o grego theos que significa deus.[6] Em El Tajin (250 a 1150 d.c) são encontrados pelo menos três campos de jogos
com até 59 metros de comprimento.[7] Em um
dos relevos o capitão derrotado parece ser sacrificado pelos vencedores que acertam
uma faca cerimonial sobre seu coração.[8] Stuart
Piggott mostra que na Europa entre os sacerdotes druidas também haviam práticas
de sacrifícios humanos[9]. Entre
os celtas no sul da França, por exemplo, havia o culto das cabeças cortadas
como os observados em Cadurcos ou Bredon[10]. Louis Baudin mostra que enquanto entre os
astecas o sacrifício humano vinha para aplacar a ira dos deuses ao oferecer-lhe
sangue, entre os incas não se observava esse caráter de crueldade.[11] Entre os incas havia a prática de ordálio em
que os deuses decidiriam pela absolvição do acusado. No hiwaya uma pedra
pesada era deixada cair de uma altura de metro nas costas do acusado, se este
sobrevivesse era reconhecido inocente. Em Cusco os acusados eram deixados por
dois dias em uma caverna com escorpiões, serpentes e jaguares. Se conseguissem sair
vivos eram considerados protegidos dos deuses e cumulados de honrarias.[12]
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