Os incas na época
da Conquista dos espanhóis não conheciam o ferro, a roda, o vidro, o trigo.[1] Entre os
incas eram conhecidos o ouro, prata, cobre, chumbo, platina e estanho e
dominavam a técnica de fusão de metais com destaque para as cidades de Nasca,
Lambayeque, Chavin de Huantar e Tiahuanaco[2]. Ao
centro da capital Cusco os cronistas narram a existência de um disco solar em
ouro, hoje desaparecido[3]. As
pepitas de ouro obtidas dos leitos dos rios eram marteladas em finas lâminas e
em seguida buriladas a frio em relevo, técnica inca conhecida como empurramento, que na época mochica teve
o aperfeiçoamento de ser submetida à fusão no interior de fornos de madeira.[4] O
imperador Atahualpa em combate contra os invasores brancos solicitou que se poupasse
o ferreiro de seu exército para que transmitisse aos incas as técnicas em ferro
dos espanhóis[5].
Huascar detinha as terras do Sul, com sede na cidade peruana de Cusco, enquanto
irmão e rival Atahualpa era responsável pelos territórios do norte, com sede em
Quito em homenagem à sua mãe. Quando se dirigia a Cajamarca para uma visita de
cortesia a Francisco Pizarro, Atahualpa foi atacado pelas tropas espanholas em
uma emboscada. Diante do massacre de 16 de novembro de 1532 Pizarro comentou
com Atahualpa: “o ceu assim decidiu”.[6] Tendo
sido o soberano inca Atahualpa preso no Templo do Sol pelos espanhóis este procurou
escapar da morte ao prometer entregar aos conquistadores espanhóis um aposento
de seu palácio repleto de metais precisos, cujas dimensões eram de vinte de dois
pés de comprimento, dezessete de largura e oito pés de altura.[7] Em prata
Atahualpa prometeu um outro compartimento com duas vezes do mesmo volume do
metal. Mesmo cativo Atahualpa continuava a reinar. Atahualpa cumpriu sua
promessa entregando algo como seis mil quilos de ouro e onze mil quilos de
objetos em prata, no entanto, foi considerado culpado por vários crimes como heresia,
poligamia, e também por ter mandado matar seu irmão Huascar, pois Atahualpa acreditava
que ele havia tomado parte de uma conspiração junto aos espanhóis contra ele. Atahualpa foi enforcado em 1533 na praça
principal de Cajamarca. Entre os traidores que entregaram Atahualpa aos espanhóis
estava Felippillo que atuava como intérprete. O frei Vicente de Valverde
aproximou-se de Atahualpa oferecendo-lhe o batismo como forma de escapar da
morte das chamas sendo morto por estrangulamento, ao qual concordou morrendo
como cristão.[8] Quando souberam da morte de Atahualpa os
peruanos interromperam a execução das ordens de seu soberano para se recolher
todo o ouro e prata, interrompendo-se assim as infindáveis caravanas de lhamas.
Segundo Rafael Karsten: “subtraídas da cobiça dos estrangeiros e colocadas
em esconderijos, onde, desafiando os esforços dos que procuravam tesouros,
permaneceram até nossos dias”, alimentando assim as lendas de um tesouro
perdido escondido. Morriam assim os dois principais soberanos do império inca. Os
espanhóis souberam se aproveitar da disputa local entre Atahualpa e Huascar
para conquistar Cusco. Pizarro e seu exército de sessenta e oito soldados
conquistaram um império tão vasto quanto a própria, Espanha, França, Alemanha e
antigo Austria-Hungria juntos.
[1] BAUDIN, Louis. El
império socialista de los incas, Santiago Chile:Ediciones Rodas, 1973, p.101
[2] BAUDIN, Louis. A vida
quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 255, 256
[3] RIBAS, Ka W. A ciência
sagrada dos Incas, São Paulo:Madras,
2008, p. 113
[4] FAVRE, Henri. A
civilização inca, Rio de Janeiro: Zahar, 1987, p.85
[5] BAUDIN, Louis. A vida
quotidiana dos últimos incas, Lisboa:Ed. Livros do Brasil, p. 253
[6] LISSNER, Ivar. Assim viviam nossos antepassados. Belo Horizonte: Itatiaia,
1968, p. 291
[7] VALLA, Jean Claude. A civilização dos incas, Rio de Janeiro: Otto Pierre, 1978,
p. 29
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