Para Joaquim Nabuco em “O Abolicionismo”: “Escravidão e indústria são termos que se excluíram sempre, como escravidão e colonização. O espírito da primeira, espalhando-se por um país, mata cada uma das faculdades humanas, de que provém a indústria: a iniciativa, a invenção, a energia individual; e cada um dos elementos de que ela precisa: a associação de capitais, a abundância de trabalho, a educação técnica dos operários, a confiança no futuro”. Para Joaquim Nabuco a escravidão era um “sopro de destruição”[1] nas instituições e para qualquer perspectiva de progresso.[2] Joaquim Nabuco aponta o erro de se identificar as artes mecânicas como ligada à condição de escravo. Gilberto Freyre aponta as escolas militares e os cursos ministrados aos rapazes pobres pelos liceus de artes e ofícios no segundo reinado como duas condições que colaboraram para valorização do trabalho manual.[3] Entre os colégios católicos os colégios Salesianos ofereciam o ensino de artes e ofícios no ensino secundário, como por exemplo no colégio Santa Rosa em Niteroi (figura)[4]. Emília Viotti descreve a incompatibilidade entre o latifúndio e a inovação: “aqueles que a exploravam [a terra] não estavam interessados em usá-la racionalmente. Não tinham o espírito da inovação. Não tentavam diversificar a produção, mas cultivavam um produto até a exaustão do solo, mudando-se, então, para outras áreas em busca de terra virgem”.[5] Os fazendeiros do vale do Paraíba usavam métodos empíricos para escolha dos solos mais apropriados para o cultivo do café o que levava ao desgaste dos solos e cafezais improdutivos. Um escravo liberto que participou da escolha de solos e derrubada de matas virgens relata que “quando o tornozelo e a metade da barriga da perna afincam no humo, debaixo de uma árvore, o solo é bom”.[6] Poucos eram os manuais agrícolas disponíveis, e ainda assim em sua maioria ignorados. O padre João Joaquim Ferreira de Aguiar de Vassouras criticou os artigos do Auxiliador da Indústria Nacional por publicar “belas teorias e práticas estrangeiras, sem mencionar a teoria e práticas brasileiras”.[7]
[1] http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000127.pdf
[2] RUSSELL WOOD, Escravos
e libertos no Brasil colônia, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005,
p.21
[3] FREYRE, Gilberto. Ordem e progresso, São Paulo: Record, 2000. p.497
[4] FREYRE, Gilberto. Ordem e progresso, São Paulo: Record, 2000. p.754
[5] COSTA, Emília Viotti.
Da monarquia à República: momentos decisivos, São Paulo:Brasiliense, 1987,
p.147
[6] STEIN, Stanley.
Grandeza e decadência do café, São Paulo:Brasiliense, 1957, p. 29, 38
Nenhum comentário:
Postar um comentário