Os ameríndios da
América do Sul em 1600 a.c. desenvolveram uma técnica de extração da borracha a
partir da árvore Castilla elástica misturando o látex com o suco de uma espécie
de ipomeia que se enrosca ao redor da árvore conseguindo uma borracha sólida. O
látex era queimado e endurecido com a seiva de ipomoea, uma trepadeira
semelhante à dama-da-noite. Cortez ao descobrir os astecas jogando com esta
bola de borracha ficou tão intrigado que levou um grupo de jogadores astecas
para a Europa em 1528 onde se exbiam diantes das cortes[1]. Bolas
de borracha datando de 1600-1400 a.C. foram encontradas junto com outras
oferendas olmecas indicam que o jogo de bola já tinha conotações religiosas e
rituais em que o movimento da bola era comparado ao movimento dos astros[2]. Os astecas
chamavam os olmecas de povo de Olmen, que significa “o país da borracha”[3]. Norman
Hammond se refere aos olmecas como uma das primeiras civilizações das Américas,[4] ainda
que não tivessem escrita[5]. O
francês Charles Marie de la Condamine pesquisador da Academia Francesa enviou
amostrar da caoutchouc tree obtida
junto aos índios omegus do Equador, no entanto suas amostras fermentaram
durante a viagem e ao chegar na Europa eram apenas uma massa inútil e
malcheirosa[6].
Pesquisadores do MIT constataram que a borracha era semelhante a produzida pelo
processo de vulcanização da borracha descoberta por Charles Goodyear apenas em
1839.[7] Hans Dietrich
Disselhoff, defende que a bola de borracha é uma invenção dos índios das
Américas.[8] Os maias
praticavam uma espécie de jogo de bola em que no final, o capitão do time
vencedor era sacrificado pelo capitão do time perdedor e sua cabeça cortada. Chamado
de “pok-ta-pok”[9]
pelos maias, de “ullamaliztli” ou “tlachtli” pelos astecas[10] e de “juego de pelota” pelos conquistadores
espanhóis, segundo Joseph Campbell: “ser
sacrificado como vencedor da grande jogada da sua vida é a essência da
primitiva ideia sacrificial”.[11] Para os
maias (250 a 950 d.c) a pista de jogo era como um umbral mágico entre o mundo
cotidiano e o sobrenatural, uma metáfora da luta cósmica e das origens da
existência humana.[12] As
bolas simbolizavam as estrelas e os astros. O campo era construído na forma de
I, com uma zona central comprida e estreita, ladeada por paredes inclinadas e
recobertas com estuque e pintadas com cores fortes. Duas equipes de dois a onze
homens jogavam a bola de látex que tinha de 15 a 20 centímetros de diâmetro que
só poderia ser tocada com a cabeça, quadris, cotovelos ou joelhos, de modo que
tocá-la com as mãos ou pés era proibido. Os tamanho dos campos variavam: os dos
olmecas, os mais antigos, tinham 80 m x 8 m. O de Chichén Itzá, o maior de
todos os campos de jogo de bola conhecidos, possuía 170 m x 70 m, maior que um
campo de futebol.[13] Em cada
um dos extremos do campo em forma de I ergue-se um pequeno tempo[14]. O jogo
consistia em fazer passar para o campo adversário uma pesada bola de borracha.
Nos muros laterais eram fixadas duas argolas de pedra esculpida de modo que se
um dos grupos conseguisse lançar a bola através de uma dessas argolas ganhava imediatamente
a partida.[15]
O jogo tinha relação com a ida de Quezalcoatl e sua descida ao inframundo.[16]
[1] CERAM, Walter. Deuses,
túmulos e sábios, Rio de Janeiro:Bib. Exército, 1971, p.336
[2] LONGHENA, Maria. O
México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 127
[3] MacGREGOR, Neil. A
história do mundo em 100 objetos, Rio de Janeiro:Intrínseca, 2013, p.219
[4] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University
Press, 1982, p.134
[5] HAMMOND, Norman. La civilizacion Maya, New Jersey: Cambridge University
Press, 1982, p.147
[6] COUTEUR, Penny le; BURRESON, Jay. Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que
mudaram a história. Rio de Janeiro:Zahar, 2006, p.131
[7] TERESI, Dick.
Descobertas perdidas, São Paulo:Cia das Letras, 2008, p.326
[8] LISSNER, Ivar. Assim viviam nossos antepassados. Belo Horizonte: Itatiaia,
1968, p. 319
[9] ROSS, Norman. The epic of man, Life Magazine, 1962, p. 212
[10] MAGNY, Olivier de.
Teotihuacán, cidade dos deuses. In: Seleções do Reader’s Digest, Os últimos
mistérios do mundo, Lisboa, 1979, p.111
[11] CAMPBELL, Joseph. O
poder do mito. São Paulo:Palas Atena, 1990, p.115
[12] FAGAN, Brian. Los
setenta grandes inventos y descobrimentos del mundo antiguo, Barcelona:Blume,
2005, p. 209
[13] LONGHENA, Maria. O
México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 196
[14] COE, Michael, Os maias,
Editorial Verbo:Lisboa, 1968, p.130
[15] SOUSTELLE, Jacques. A
vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.210
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