No
Brasil os juristas Tobias Barreto, Sílvio Romero constituem o núcleo do
pensamento da chamada Escola do Recife do século XIX, ambos positivistas
pioneiros no Brasil que destacam o papel da sociologia enquanto ciência no
universo jurídico. Sílvio Romero registra isso com as seguintes palavras:
"o decênio que vai de 1868 a 1878 é
o mais notável de quantos no século XIX constituíram a nossa vida espiritual".[1] O jurista sergipano Tobias Barreto, por sua vez, assume uma crítica moderada do
positivismo aderindo ao monismo germânico de Hegel e Heackel, que serviu de
base para o seu culturalismo, característica da Escola do Recife[2].
Com a década de 1870 “um bando de ideias
novas esvoaçam sobre nós” nas palavras de Sílvio Romero[3] entre as quais o positivismo, influenciavam atividade a intelectualidade
brasileira. [4] Imbuídos
deste papel perante a sociedade o direito sob influência de teses como o
positivismo e sua perspectiva evolutiva da sociedade tinha como meta ajudar a
descobrir as leis que presidem a evolução da humanidade e da civilização.[5] Segundo Sílvio Romero: “desde os fins do
século XVIII o pensamento português deixou de ser o nosso mestre. Fomos nos
habituando a interessar-nos pelo que ia pelo mundo”.[6] O crítico Sílvio Romero se afastaria das ideias de Comte para se aproximar da
filosofia evolucionista de Herbert Spencer. Em Doutrina contra doutrina, o
evolucionismo e o positivismo no Brasil de 1894, Sílvio Romero estuda as
ideias fundamentais do positivismo e sua versão brasileira mostrando seu
caráter teocrático e sua contradição com o evolucionismo da ciência moderna: “o positivismo é uma coisa perigosa e deve
ser combatido com seriedade”.[7] Gilberto Freyre cita o depoimento de José Maria Moreira Guimarães para o qual o
caráter cientificista da Escola Militar era antes Spencerista do que discípula
de Comte.[8] Outro pensador que destaca o papel do progresso
é Herbert Spencer (figura), de influência menor do que Auguste Comte no Brasil, mas
ainda assim uma alterativa a face autoritária da filosofia positivista e que
influenciou republicanos como Francisco Rangel e Alberto Sales[9]. Segundo
Alfredo Bosi: “positivismo e evolucionismo – Comte e Spencer – foram
correntes de pensamento que, diversas entre si, como atesta o libelo de Sílvio
Romero, Doutrina contra doutrina, operaram de modo convergente no combate pela modernização
cultural da nação”.[10] Para Ângela Alonso a perspectiva evolucionista sociológica de Augusto Comte
coloca o progresso como “movimento irrefreável de industrialização,
urbanização e secularização, que arrasaria instituições tradicionais – catolicismo,
agrarismo, monarquia, escravidão – para gerar a sociedade moderna, científica,
industrial, republicana, de trabalho livre”.[11]
Nenhum comentário:
Postar um comentário