Saint Hilaire no século XIX refere-se aos bandeirantes como “raça de gigantes”[1]. O mesmo Saint Hilaire consta com a devastação provocada pela atividade mineradora: “por todos os lados, tínhamos sob os olhos os vestígios aflitivos das lavagens, vastas extensões de terra revolvida e montes de cascalho [...] Tanto quanto a vista alcança, está a terra toda revirada por mãos humanas, de tanto que o sonhado lucro excitou o desejo de trabalhar”.[2] A tese do espírito aventureiro do brasileiro personificada na exploração dos bandeirantes pelo interior do Brasil foi em grande parte construída pelos historiadores paulistas que popularizaram este mito, em especial ligados ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo com intuito de construir uma história que exaltasse as virtudes do paulista. Para Ricardo Della Rosa em "A revolução de 1932 usou algumas imagens dos bandeirantes como os grandes heróis paulistas para conquistar corações e mentes durante o período".[3] Segundo Antonio Celso Ferreira os intelectuais do IHGSP promoveram diversos estudos que enaltecessem biografias de paulistas “responsáveis por grandes realizações, individuais ou clânicas, fazendo-as transcender os marcos da própria colonização, com base no recuo a um passado longínquo europeu. A nobilitação das personagens revela a ambição de fixar uma epopeia paulista, sustentada por indivíduos aos quais se atribuía uma força superior”. [4]
[1] TOLEDO, Roberto Pompeu
de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 148
[2] GOMES, Laurentino.
Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 34
[3] ROSA, Ricardo Della. Revolução de 1932: A
História da Guerra Paulista em Imagens, Objetos e Documentos. São Paulo: Ed.
Geral, 2019
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