Na área da educação
se observa no Brasil independente uma tendência em valorizar as artes
mecânicas, marginalizadas socialmente em país escravocrata como o Brasil. Este
movimento de valorização dos ofícios, realizados de forma manual, observa-se
também com a criação em 1858, do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro,
instalado numa das salas do Consistório da Igreja do Santíssimo Sacramento[1],
que começou, no Brasil, uma nova era para o ensino de ofícios. Destinado a
todas as classes sociais, exceto os escravos, o Liceu representava uma reação
contra a secular concepção do desprezo pelo trabalho das mãos, comunicando o
ideal de beleza unida à utilidade prática. O currículo incluía matérias como o
desenho de máquinas, desenho de arquitetura civil, arte cerâmica entre outros.[2] A Academia de Belas Artes por sua vez
iniciou em 1855 cursos estruturados que incluía as artes mecânicas. A Sociedade
Auxiliadora da Indústria Nacional inaugurou em 1871, com a presença do
Imperador Pedro II, cursos noturnos para formação de profissionais como
carpinteiros, pedreiros, alfaiates, caixeiros, marceneiros, ferreiros, entre
outros. Em 1873 foi fundado o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, a primeira
escola profissional de caráter industrial no Brasil.[3] Na Bahia o Liceu de Artes e Ofícios foi criado em 1872 em substituição ao
ensino dos mestres de ofícios. No Recife foi fundada em 1841 a Sociedade das
Artes Mecânicas idealizada pelo carpinteiro José Vicente Ferreira Barros e que
reuniu mestres de ofício em sua maioria negros. A Sociedade veio a ser
reorganizada como Sociedade das Artes Mecânicas e Liberais em 1851 com o fim do
tráfico de africanos escravizados e sob o impacto da Exposição Universal de
Londres.[4] Na década de 1930 educadores como Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira continuariam
a reação contra o tradicional pensamento de colocar o ensino técnico em nível
de inferioridade em relação aos outros tipos de instrução.[5]
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