O trabalhador era conhecido como maceualli que por sua vez deriva do verbo maceualiztli que significa “ato destinado a adquirir méritos”, ou seja, a palavra não assume nenhuma conotação pejorativa, ainda que existissem escravos entre os astecas.[1] O padre Bernardino Sahagún da Universidade de Salamanca que chegou na América em 1529, apenas oito anos após a tomada da cidade do México por Cortez e autor de Historia General de las Cosas de Nueva España[2] também conhecido como Códice Florentino na Biblioteca Laurenziana relata o depoimento de um pai asteca nobre aos seus filhos: “os vossos antepassados souberam fazer tudo isso, porque embora nobres e de boa linhagem, sempre cuidaram de que suas terras e heranças fossem lavradas: porque se pensares só na tua linhagem e na tua nobreza, como manterás a tua família ? De que viverás tu próprio ? Em parte nenhuma se viu alguém viver somente de sua nobreza”.[3] Os últimos soberanos astecas tornaram a instrução obrigatória mesmo para as classes mais pobres. Pais astecas levavam seus filhos ao tepochalli (“casa dos jovens”), escola pública [4]. As escolas religiosas também conhecidas como calmecac eram reservadas a elite sacerdotal, onde recebiam conhecimento de escrita, astronomia e adivinhação. Bernal Diaz segundo Raoul d´Harcourt em L´Amerique avant Colomb relata que os emissários de Montezuma II ao saudar Cortez eram acompanhados de pintores para retratar o encontro, assim como faziam com as batalhas, com intuito de informar aos generais astecas um relatório das atividades de guerra. Trata-se de uma escrita pictográfica e simbólica. Assim uma serpente (coatli) atravessada por facas (iztli) era escrita como ixcoatli. Assim temos os códice Oxford ou códice Mendoza (figura) na Bodleian Library, o Codex Tellerio Remensis[5] produzido no século XVI e atualmente na Bibliothèque Nationale de France in Paris e o Codex Vaticanus que se refere a mitologia e ao calendário asteca.[6]
[1] SOUSTELLE, Jacques. A
vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.110
[2] Guia dos segredos do
império: o povo asteca, Barueri:On Line, 2016, p. 21; BATTLES, Matthew. A
conturbada história das bibliotecas, São Paulo: Planeta, 2003, p. 49
[3] SOUSTELLE, Jacques. A
vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.189
[4] LONGHENA, Maria. O
México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 79
[5] http://www.famsi.org/research/loubat/Telleriano-Remensis/thumbs0.html
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