domingo, 28 de novembro de 2021

Tenochtitlán: a grande Veneza

 

Os astecas descobriram a obsediana com a qual produziam facas e lâminas prismáticas para talhar a madeira.[1] Os astecas demonstraram muitos conhecimentos em engenharia hidráulica na construção de um dique de 16 quilômetros de extensão e na utilização da água do lago Texcoco na cidade de Tenochtitlán[2] uma cidade insular, a capital do império fundada em 1325, também conhecida como a “Grande Veneza”[3] na América.[4] O rei de Texcoco Nezahualcoyotl era patrono das artes e ciências[5]. A cidade tinha cinco portas e em cada porta uma ponte até a terra, sendo que as mesmas pontes dotadas de muitas barreiras e torres para que não fosse atacada.[6] Com o dique o nível da baía poderia ser regulado pela abertura e fechamento de suas comportas.[7] Um aqueduto construído sob o reinado de Moctezuma I (1440-1469) levou água doce das fontes de Chapultepec para o centro da cidade, feito de pedra e cimento e estendendo-se por cinco quilômetros[8] numa época e que a cidade contava com mais de 250 mil habitantes.[9] Uma outra fonte Toxpalatl abastecia de água potável não somente os sacerdotes mas a gente comum[10]. Poucas cidades europeias na época possuíam um sistema de distribuição de água potável como Tenochtitlán [11]. As inundações de Tenochtitlan viriam a ocorrer em 1500, após, portanto a construção do aqueduto o que levou a alguns analistas como Durán e Tezozomoc a acreditar que um rompimento do aqueduto poderia ter sido a causa da inundação[12]. A inundação é mencionada no Códex de 1576 que relata a destruição dos campos de milho[13]. A sociedade era altamente centralizada e a religião politeísta incluindo Huehueteotl (deus do fogo), Ethecatl (do vento), Coatlicue (da terra, da vida e da morte), Tlaloc (da chuva), Xilonen (do milho), Quetzalcoatl (do planeta Venus), Tlazolteotl (da fertilidade), Tezcatlipoca (da noite), Huitzilopochtli (senhor do Universo).[14] Segundo o relato de Bernal Diaz sobre Tenochtitlán: “a sólida e poderosa capital de Montezuma surgia no centro dum lago muito fundo. Chegava-se lá por estradas terraplanadas e pontes de madeira entalhada, bastante altas, para que os barcos pudessem passar debaixo delas. Levantadas as pontes, o resto do dique formava uma espécie de ilha cercada pela água e a cidade tornava-se inacessível. A fonte de Chapultepec fornecia à cidade inteira água potável que era encanada até as habitações ou vendida nas bicas”.[15] Ainda segunda Bernal Diaz; “Diante daquelas maravilhas não sabíamos o que se havia de dizer, nem se aquelas aparências defronte de nós era realidade. Lá estava a grande cidade e nós não chegávamos a quatrocentos homens [...][16] estes grandes burgos e pirâmides e edifícios que se erguiam da água todos feitos de pedra, pareciam uma visão encantada [...] era tudo tão maravilhoso que eu não sei como descrever essa primeira visão de coisas nunca ouvidas, vistas ou sonhadas antes”.[17] Segundo Bernal: “alguns soldados acreditava que não passava de um sonho”.[18]



[1] TERESI, Dick. Descobertas perdidas, São Paulo:Cia das Letras, 2008, p.328

[2] McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University Press, 1999, p.162; ROMANO, Arturo. Museu Nacional de Antropologia da cidade do México, São Paulo: Mirador, 1970, p. 130

[3] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 71

[4] SOUSTELLE, Jacques. Tenochtitlán. Readers's Digest. As grandes civilizações desaparecidas, Lisboa:1981, p.294

[5] LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.65

[6] HERRMANN, Paul. A conquista das Américas. Sâo Paulo:Boa Leitura, 1960, p.77

[7] LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.122

[8] SOUSTELLE, Jacques. Tenochtitlán. Readers's Digest. As grandes civilizações desaparecidas, Lisboa:1981, p.298; SOUSTELLE, Jacques. A vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.63; Guia dos segredos do império: o povo asteca, Barueri:On Line, 2016, p. 27

[9] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 64

[10] SOUSTELLE, Jacques. A vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.55

[11] LEONARD, Joathan. América pré colombiana, Rio de Janeiro:José Olympio Editora. Biblioteca de História Universal Life, 1971, p.122

[12] DAVIES, Nigel. The astecs: a history, London; Folio Society, 1973, p. 346

[13] SOUSTELLE, Jacques. A vida quotidiana dos astecas. Belo Horizonte:Itatiaia, 1962, p.66

[14] ROMANO, Arturo. Museu Nacional de Antropologia da cidade do México, São Paulo: Mirador, 1970, p. 131

[15] HERRMANN, Paul. A conquista das Américas. Sâo Paulo:Boa Leitura, 1960, p. 76, 113

[16] HERRMANN, Paul. A conquista das Américas. Sâo Paulo:Boa Leitura, 1960, p.117

[17] PHILLIPS, Ellen, Viagens de descobrimento 1400-1500, Rio de Janeiro:Time Life, 1991, p.141

[18] LONGHENA, Maria. O México antigo, Barcelona:Folio, 2006, p. 205



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