quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O visionário Roger Bacon

 

Para Roger Bacon o homem sem o auxílio da revelação divina jamais poderia alcançar o conhecimento das ciências, pois somente a revelação será capaz de clarear um caminho que foi obscurecido ao homem devido à sua malícia[1]. Para Charles Singer, Roger Bacon estava muito afrente de seu tempo e seus fundamentos eram a observação e experimentação, com trabalhos em óptica astronomia, geografia, ciência mecânicas, química e matemática.[2] Em Opus Maius Roger Bacon se refere ao que possivelmente trata de fogos de artifícios, na época conhecidos apenas na China, o que segundo Joseph Needham poderia ter sido possível por intermédio de algum amigo missionário, talvez William de Rubruck.[3] Roger Bacon em uma de suas cartas Epistola de secretis operibus artis et naturae et nullitate magiae e em De mirabili potestate artis et naturae libellus manifesta sua confiança no progresso: “Os navios se movimentarão sem remos, e com um homem apenas para guia-los. Carros sem cavalos viajarão com incrível velocidade. Podem-se fazer máquinas de voar com capacidade para um homem em que asas habilmente construídas baterão á maneira dos pássaros. Máquinas haverão que levantarão pesos infinitamente grandes e pontes engenhosas cruzarão os rios sem apoio algum”.[4] Roger Bacon manifesta sua crença no progresso: “Aristóteles e seus contemporâneos deviam ignorar uma imensidade de verdades físicas e de propriedades naturais, hoje mesmo os sábios ignoram muitas coisas que os menores estudantes saberão um dia. Os quevem depois dos outros acrescentam sempre às obras de seus predecessores e emendam muitos erros. Não nos devemos portanto ligar a tudo quanto lemos ou ouvimos, porém sem examinar as opiniões dos antigos para acrescentar naquilo em que foram omissos, corrigir onde erraram, e isto sempre com modéstia e indulgência”[5]



[1] COSTA, José Silveira da. A escolástica cristã medieval, Rio de Janeiro, 1999, p.96

[2] SINGER, Charles. From magic to science. New York:Dover, 1958, p.92

[3] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and water wheel, New York:Harper Collins, 1994, p.206

[4] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 348; STEVERS, Martin. A inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.411; TATON, René. A ciência antiga e medieval: a Idade Média, tomo I, v.III, São Paulo:Difusão, 1959, p. 125; KLEMM, Friedrich, A history of western technology, London:Ruskin House, 1959, p. 95; COELHO, Latino. A ciência na idade média, Lisboa:Guimarães Editores, 1988, p.29; CANTU, Cesare. História Universal, volume XIV, São Paulo:Editora das Américas, 1955, p. 374; FREMANTLE, Anne. Idade da fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro:José Olympio, 1970, p.150; JUNIOR, Hilário Franco. A idade média nascimento do Ocidente. São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 177; NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na idade média, Campinas:Kirion, 2018, p.298; GOFF, Jacques. Maravilhoso. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean Claude. Dicionário analítico do Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 135; MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 1022; ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 381

[5] CANTU, Cesare. História Universal, volume XIV, São Paulo:Editora das Américas, 1955, p. 377



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