Éliphas Lévi aponta como origem da maçonaria a associação de pedreiros formada no tempo da construção da catedral de Estrasburgo na França[1]: “o fim alegórico da maçonaria é a reconstrução do templo de Salomão; o fim real e a reconstituição da unidade social pela aliança da razão e da fé, e o restabelecimento da hierarquia, conforme a ciência e a virtude, com a iniciação e as provas por graus”. Uma assembleia foi convocada em 1275 para o estabelecimento de uma fraternidade para continuação dos trabalhos na catedral reunindo construtores ingleses e alemães que passaram a usar a denominação de freemasons ou steinmetzen sendo eleito Erwin de Steinbach como mestre de cátedra (Meister von Stuhl)[2] e que mantinham os segredos de construção. Elias Barreto indica Erwin von Steinback, arquiteto da catedral de Estrasburgo, como fundador em 1275 da primeira confraria de pedreiros leigos, separando-os das confrarias religiosas, o que levaria a denominação de pedreiros livres.[3] No epitáfio do mestre pedreiro Pedro de Montereau que trabalhou em Saint Germain des Prés na capela de Sait Germain em Layeele é qualificado como “doutor dos canteiro” ou doctor latomorum. Villard de Honnecourt revela grande cultura e domínio do latim. Daniel Rops observa que em muitas catedrais como em Reims e Amines, consta a assinatura dos arquitetos em incrustações de mármore ou chumbo no cruzeiro das naves. Muitas destas técnicas de construção eram transmistidas sob condições de segredo de mestre para discípulo, como as anotações de VIllard de Honnecourt, que em princípio eram reservadas.[4] Um dos membros dessas associações chamada “Dever de Liberdade” afirma seu compromisso: “Juro e prometo guardar fielmente e para sempre os segredos dos companheiros de Liberdade, deste Dever e de sua companhia; prometo nunca escrever nada, nem uma palavra, sobre qualquer coisa que possa revelá-los aos profanos. Preferiria e mereceria ser degolado, meu corpo queimado, minhas cinzas atiradas aos ventos, se fosse tão covarde em revela-los; prometo quebrar a cara de quem perjure; que o mesmo aconteça seu o fizer”.[5] Jacques le Goff, contudo aponta que a reivindicação da existência de tais segredos da contrução de catedrais é tardia e aparece apenas no século XVIII entre os francomaçons.[6] Para Lennnohoff a referência das origens no reinado de Salomão são resultante do desejo dos maçons em conferir uma origem misteriosa e muito antiga[7]. O maçom José Castellani considera a influência egípcia na maçonaria como nula, e como uma lenda a história sobre ao rei Hiram Abif como construtor do tempo de Salomão, quando as referências históricas que temos é de que ele foi um mero entalhador de metais.[8]
[1] LÉVI, Éliphas. História
da magia, São Paulo:Pensamento, 2010, p.271
[2] ASLAN, Nicola. A
maçonaria operativa, Rio de Janeiro: Aurora, 1979, p. 208, 213
[3] BARRETO, Elias.
Enciclopedia das grandes invenções e descobertas, São Paulo: Cascono Editores,
1971, p. 219
[4] ROPS,
Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 397
[5] LIMA, Heitor Ferreira.
Formação industrial do Brasil, Rio de Janeiro:Fundo de Cultura, 1961, p. 243
[6] GOFF, Jacques. A idade
média explicada aos meus filhos, Rio de Janeiro:Agir, 2007, p. 48
[7] SCHREIBER, Hermann;
SCHREIBER, Georg. História e mistérios das sociedades secretas, São Paulo,
IBRASA, 1982, p.224
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