O carpinteiro dinamarquês João Ludolfo Rohe fundou em 1833 no Brasil uma oficina de carruagens tornando-se grande modernizador da indústria de carros no país.[1] Em 1859, começava a circular experimentalmente o primeiro bonde do Brasil, movido à tração animal, por iniciativa de Thomas Cochrane, fundador da "Companhia de Carris de Ferro da Cidade à Boa Vista". Olavo Bilac registra o aparecimento do bonde puxado por animais no Rio de Janeiro em edição de 10 de outubro de 1868 no Jornal do Comércio e os impactos sociais ao democratizar o acesso de um transporte rápido e eficaz tornando obsoletos os antigos sistemas baseados na gôndola e diligência operados por escravos: “Sem dar mostrar do que fazes, tu vais passando a rasoura nos preconceitos e pondo todas as classes no mesmo nível. Tu és um grande socialista, ó bond amorável. Tu destruístes os preconceitos de raça e cor, és criador de relações de amizade e de amor”.[2] O primeiro bonde elétrico do Brasil e da América do Sul foi o carro de nº 104 da Cia. Ferro-Carril do Jardim Botânico, de 1892 que fez sua viagem inaugural pela cidade do Rio de Janeiro com término no Largo do Machado. Em São Paulo os primeiros bondes de burro datam de 1872 ligando por trilhos entre o largo da Sé e a estação da Luz pela Companhia Carris de Ferro de São Paulo presidida pelo engenheiro Nicolau Rodrigues.[3] A São Paulo Tramway Light and Power Co inaugurou a primeira linha de bondes elétricos em 1900 com energia elétrica obtida da termelétrica de São Caetano e posteriormente da usina hidroelétrica construída do rio Parnaíba.[4] A primeira linha era da Barra Funda. A terceiro linha foi a de Vila Buarque que parava bem em frente da casa d. D. Veridiana Prado, a mãe do prefeito.[5] O desenvolvimento e a expansão das usinas hidrelétricas em São Paulo são apontados por Stanley Stein, Warren Dean e Werner Baer como um fator importante para o desenvolvimento industrial de São Paulo.[6] Duncan McDowall aponta que ‘os bondes estavam desempenhando um papel formador na criação de uma força de trabalho industrial urbana; por outro lado, o rápido acesso da cidade à capacidade geradora total de Parnaíba foi um fator inegavelmente crítico para o posicionamento de São Paulo na vanguarda da revolução industrial da América do Sul”.[7] Para Rui Barbosa: “o bonde foi, até certo ponto, a salvação da cidade [do Rio de Janeiro]: o grande instrumento e agente incomparável de seu progresso material. Expandiu os limites urbanos, permitiu à cidade espalhar sua população e tornou os subúrbios possíveis. O bonde – é preciso que se diga – foi uma instituição providencial. Se não existisse teria de ser inventado”.[8]
[1] FREYRE, Gilberto.
Ingleses no Brasil, São Paulo:TopBooks, 2000, p.251
[2] FREYRE, Gilberto. Ordem e progresso, São Paulo: Record, 2000. p.338
[3] TOLEDO,
Roberto Pompeu de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 398
[4] McDOWALL, Duncan. A
história da empresa que modernizou o Brasil, Rio de Janeiro:Ediouro, 2008, p.
115
[5] TOLEDO, Roberto Pompeu de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva,
2012, p.541
[6] McDOWALL, Duncan. A
história da empresa que modernizou o Brasil, Rio de Janeiro:Ediouro, 2008, p.
134
[7] McDOWALL, Duncan. A
história da empresa que modernizou o Brasil, Rio de Janeiro:Ediouro, 2008, p.
158
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