Russel Wood mostram que portugueses aliaram-se a tribos indígenas rivais em sua guerra contra os tamoios no Rio de Janeiro, que por sua vez aliados dos franceses. Os portugueses aliaram-se aos tabajaras em sua luta contra os potiguares. Em Pernambuco aproveitaram-se da luta tribal entre caetés e tupinambás. No século XVII os portugueses avançaram para o norte culminando com o massacre dos tupinambás em 1616-1619 e a aniquilação dos índios no Pará e Maranhão. No século XVII incorreram em massacres contra tapuias e jandins no Ceará, Rio Grande e Maranhão.[1] José Honório Rodrigues mostra que a história do Brasil registra diversas “pacificações” por exemplo contra os caiapós em 1781, aos xavantes no Araguaia em 1783 e aos canoeiros no Tocantins em 1789 tal como descrito por José Rodrigues Freire em A Relação da conquista do gentio Xavante publicada em Lisboa em 1790[2] e que encerra com o relato: "Tendo o nosso Excelentíssimo General a satisfação de ter libertado os povos desta Capitania de outras tantas feras, que lhe devoravam as entranhas; e ao mesmo tempo a incomparável glória de ter granjeado à Igreja igual número de filhos, com outros tantos vassalos ao Império Português." Simão Travassos em “Sumário das Armadas” de 1587 narra o massacre dos portugueses aos indígenas: “esse foi o estilo do Brasil, ir assim (pela guerra) ganhando a terra aos inimigos”.[3] Varnhagen (figura), por sua vez defende a conquista do território empreendida pelos portugueses: “Ignorantes ! Não sabeis que essa gente era e é nômade, e sem assunto fixo, e que só aproveita do território enquanto nele acha caça ? E quem diz que essa raça, que está bravia, mão veio em grande parte expelida do peru à força pelos Pizarros e Almagros ? Mas não sigamos com tais argumentos: falemos claro. O Brasil pertence-nos pela mesma razão que a Inglaterra ficou pertencendo aos normandos quando a conquistaram. Pela mesma razão que Portugal ficou pertencendo a Afonso Henriques e seus sucessores e vassalos que o tomaram dos mouros. O primeiro direito de todas nações conhecidas foi a conquista. Nós proclamamos para o Império (compreendendo o território de que eles estão senhores) o nosso chefe e a nossa lei. Todo o que não obedece a uma e ao outro rebela-se e é criminoso. E, para o crime não vale em direito a ignorância, pois em tal caso não haveria negro fugido, nem ladrão de estrada e quilombola que não fosse ignorante”.[4]
[1] RUSSEL WOOD, A. Histórias do Atlântico português, São Paulo: UNESP, 2021, p.
287
[2] RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1979, p.321. https://digital.bbm.usp.br/view/?45000010064#page/36/mode/2up
[3] RODRIGUES, José Honório. História da história do Brasil, São Paulo: Cia Editora
Nacional, 1979, p.451
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