Na época saíta (XXVI Dinastia 672 – 525 a.c.) o profeta Jeremias (43:7; 44:1) descreve a chegada dos judeus ao Baixo Egito após o exílio na Babilônia. Exodo 1:8 se refere aos judeus comos escravos sob o reinado de Ramsés, contudo, a referência mais antiga a Israel entre os egípcios é a campanha empreendida pelo sucessor de Ramssés II, Merneptah (1213-1203 a.c.) contra cidades palestinas tal como consta na estela de Merneptá (texto nº 21)[1] descoberta por Flinders Petrie em 1896. Carl Grimberg observa que o texto se refere a Israel habitando Canaã, o que poderia indicar que uma parte do povo hebreu já residia em Canã quando de sua permanência no Egito, ou então que tal permanência no Egito teria de fato ocorrido cerca de dois séculos antes de Merneptá, ou seja, ao tempo de Akenaton (1351 a 1334 a. c.), o que poderia sugerir uma infuência das teses monoteístas egípcias com as do povo hebreu.[2] Há registros egípcios nas cartas de Tell El Amarna de que na região de Canaã haviam escravos estrangeiros e prisioneiros de guerra denominados pelo termo acádio de Habiru ou Apiru[3] que alguns pesquisadores acreditam ser uma referência ao povo hebreu que então chegava na terra de Canaã conforme descrição do livro de Juízes[4]. As cartas são escritas em tabletes de argila em escrita cuneiforme.[5] Paul Johnson observa que o termo habiru não significava um determinado grupo racial ou étnico mas pessoas inferiores empregadas em trabalhos forçados.[6] A mesma referência é encontrada entre os povos da Mesopotâmia[7] em escrita cuneiforme no período de 1700 a 1300 a.c.[8] O termo sumério expressa um ato de banditismo e se refere a um bandido ou vagabundo.[9] Segundo Sophie Desplancques os egícios se consideravam os responsáveis pela ordem do mundo (maat) de modo que o estrangeiros representam o caos, o inimigo: “por ser diferente, ele deve ser destruído e totalmente subjugado”[10], ainda que possam ser registrados períodos de grande aculturação como na dinastia núbia (25ª dinastia). Na tumba de Tutmosis III (1479-1425 a.c.) da XVIII dinastia tem suas paredes a 12ª oração que trata daqueles que morreram com ele na “grande inundação”, o que pode ser uma referência ao êxodo do Egito. O papiro de Ipuwer na biblioteca de Leiden se refere ao que seriam as pragas do Egito, em que o Nilo virou sangue, os animais morrem nos campos sem que ninguém os recolha e os escravos saíram do Egito com o ouro em seu pescoço.[11]
[1] Desplancques, Sophie.
Egito Antigo (Encyclopaedia) . L&PM Pocket. Edição do Kindle, 2021, p.1032/1492
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estela_de_Mernept%C3%A1 ; SILVA, Rodrigo. Especial
Egito - Museu do Cairo 1, NT Evidencias Minuto 9:00 https://www.youtube.com/watch?v=vYtqlSYMlQw
[2] GRINBERG, Carl. O império das pirâmides, História Universal, v.2, Santiago:
Europa América,1989, p. 77
[3] ROBERTS, J.M. history of the world, Oxford University Press, 1992,
p.87; HARRIS, J. O legado do Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.269;
BOORSTIN, Daniel. Os
criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.61
[4] STEVERS, Martin. A
inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.246
[5] SILVA, Rodrigo.
Especial Egito - Museu do Cairo 1, minuto 13:00
https://www.youtube.com/watch?v=vYtqlSYMlQw
[6] JOHNSON, Paul. História
Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 126
[7] https://pt.wikipedia.org/wiki/Habiru
[8] KRAMER, Samuel.
Mesopotâmia o berço da civilização, Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 166
[9] BOUZON, Emanuel. As
cartas de Hammurabi. Rio de Janeiro:Vozes, 1986, p. 69
[10] Desplancques, Sophie. Egito Antigo (Encyclopaedia) . L&PM Pocket.
Edição do Kindle, 2021, p.142/1492
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