quarta-feira, 10 de novembro de 2021

As cruzadas e a consciência da unidade na Europa

 

Na primeira parte da idade Média os retratos pessoais não eram comuns, ainda que a hagiografia ao narrar a vida dos santos fazia com que as pessoas se identificassem  com tais personalidades, ainda que muitas histórias fossem estereotipadas[1]. Muito embora nas artes de fato tenha se observado a frequência de autoretratos como os de Ticiano e Duhrer também podemos observar autorretratos no período medieval.[2] Os medievalistas Colin Morris e Sylvia Trupp também argumentam para a realidade perceptível do indíduo na consciência medieval. O dois volumes de poesia medieval traduzidos por Helen Waddell que abrange o século IX ao século XIV indica a existência da consciência individual e o caráter distintivo da identidade individual.[3] Será após as Cruzadas nos séculos XI ao século XIII e o contato com outras civilizações mais avançadas como Bizâncio e o Islã que “se abre no interior do homem ocidental outro fronte pioneiro, o da consciência”. Segundo Daniel Rops o sentimento de autoconhecimento despertado pela cruzada: “A Cruzada permitiu, mais do que qualquer outro acontecimento da história medieval, que a Cristandade tomasse consciência da sua unidade”.[4]



[1] LACEY, Robert. O ano 1000: a vida no final do primeiro milênio, Rio de Janeiro: Campus,1999, p.25

[2] BURKE, Peter. O renascimento, Lisboa:Textos&Grafia, 1997, p.108; MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 154

[3] NISBET, Robert. História da ideia do progresso. Brasília:UNB, 1980, p. 92

[4] ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 533



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