segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Ressurgimento das cidades no século XI

 

No século XI o renascimento comercial a partir dos contatos de Veneza e Flandres com o exterior restabelecem o renascimento urbano. Guy Fourquin critica a generalização de um modelo único “banqueiro-mercador” para formação urbana medieval que de fato se observou na região flamenga, mas que dificilmente poderia ser estendido às todas as demais regiões da Europa. Para Fourquin mesmo no período de expansão agrícola também se observa o desenvolvimento comercial. Lewis Munford critica Pirenne por seu conceito estreito de cidade, na medida em que Pirenne recusava chamar de cidade qualquer comunidade urbana que não incentivasse o comércio a longa distância[1]. Para Lewis Mumford os mercados internacionais tem pouco efeito sobre a fundação de cidades. Para Lewis Mumford a lógica de Pirenne deve ser invertida; na verdade foi o ressurgimento das cidades agora muradas e protegidas das invasões bárbaras que possibilitou o incremento do mercado, particularmente o comércio de artigos de luxo para os príncipes: lãs finas da Inglaterra, vinho do Reno, especiarias e sedas do Oriente, armas da Lombardia, açafrão e prata da Espanha, couros da Pomerânia, tecidos de Flandres bem ícones religiosos e objetos devocionais.[2] O abade Ruperto de Deutz no século XII manifestou sua crítica às cidades como locus do surgimento de intelectuais leigos pois afinal “a primeira delas não foi construída por Caim ? (Genesis 4:17)”.[3] Daniel Rops contesta a tese de Pirenne que nega às abadias cristãs qualquer papel no nascimento das cidades, e mostra que François Lehoux mostra que no caso da abadia de Santi Germais des Prés tal origem está estabelecida, pois em torno dos mosteiros há um grande comunidade que forma população monástica: “E bom viver à sombra do báculo”[4]. Para Marx: “A história da antiguidade clássica é a história das cidades, mas de cidades baseadas da propriedade fundiária e na agricultura [...] a Idade Média (período germânico) iniciasse quando o campo se torna a sede da história, cujo desenvolvimento posterior se processa através da oposição entre cidade e campo; a história moderna é a urbanização do campo e não, como entre os antigos, a naturalização da cidade”.[5]

[1] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 279

[2] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 280

[3] JUNIOR, Hilário Franco. A idade média nascimento do Ocidente. São Paulo:Brasiliense, 2004, p. 117

[4] ROPS, Daniel. A Igreja das catedrais e das cruzadas. São Paulo: Quadrante, 2012, p. 232, 267

[5] ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo, Porto: Afrontamento, 1982, p.167



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