Alguns eixos do renascimento cultural do século XII incluem i) os humanistas da escola de Chartres como Constantino Africano, Adelardo de Bath, Bernardo de Chartres (1124-1130) entre outros, ii) os monges Bernardo de Claraval (1091-1153) e Hugo de São Vítor (1096-1141) que renovaram os mosteiros cristãos.[1] A catedral de Chartres foi construída no mesmo local antes havia uma igreja que abrigava a túnica sagrada da Virgem Maria, um presente de Carlos o Calvo, que Carlos Magno havia recebido do imperador de Bizâncio no século IX.[2] O bispo Fulberto que lecionou na escola episcopal de Chartres entre 1006 e 1028 foi discípulo de Gerbert de Aurillac, o papa Silvestre II, e tornou Chartres um grande centro de aprendizagem e foco de peregrinações, refúgio de erudição e conhecimento, onde lecionariam Bernardo de Chartres, o bispo Gilbert de la Porrée / Gilbert de Pointiers, Yves / Ivo de Chartres mestre em direito canônico, Thierry de Chartres e o bispo João de Salisbury, entre outros. Thierry de Chartres mostrou que o triium (gramática, dialética e retórica) e quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música) eram apenas um meio e que o fim era “formar almas na verdade e na sabedoria”. O concílio de Latrão III no canon 18 decidiu: “ordenamos, portanto, que em todas as igrejas catedrais se proveja um rendimento conveniente a um mestre, encarregado de ensinar gratuitamente aos clérigos dessa igreja e a todos os alunos pobres”. Thierry de Chartres (1100-1150) era chanceler da escola e defendia a tese de que os corpos celestes não eram divinos ou feitos de uma matéria incorruptível, mas pelo contrário, feitos da mesma matéria que as coisas terrenas e sujeitas à mesma ordem. Segundo Thomas Goldstein: “Thierry provavelmente será reconhecido como um dos verdadeiros fundadores da ciência do Ocidente”.[3] O Concílio de Latrão (1123) obrigou a todas as dioceses a abrirem uma escola episcopal. Outras escolas episcopais que se destacaram foram a de Orleans em que lecionava Santo Aignan, a de Avranches com Bec e Anselmo e a de Paris na França onde se formaram vários bispos, Canterbury e Durham na Inglaterra, Toledo no Espanha, Bolonha, Salerno e Ravena na Itália. [4]
[1] JANOTTI,
Aldo. Origens da Universidade, São Paulo: Edusp,1992, p.77
[2] MURPHY, Tim Wallace. O
código secreto das catedrais. São Paulo:Pensamento, 2007, p. 166
[3] AQUINO,
Felipe. Uma história que não é contada, Lorena: Cleofas, 2008, p. 166
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