Como forma de estimular a participação de expositores na exposição interacional que se realizaria em Londres em 1862 o governo imperial promoveu Exposições Nacionais. Uma primeira exposição nacional foi realizada na Corte do Rio de Janeiro, na Escola Central, no largo de São Francisco, hoje Escola Politécnica do Largo de São Francisco em 2 de dezembro de 1861 (aniversário do Imperador Pedro II), sob a iniciativa da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional na gestão de Marques de Abrantes (Miguel Calmon Du Pin e Almeida) e do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura (IIFA)[1] .Entre os produtos expostos na Exposição de 1861 destacam-se espécies da fauna, plantas e produtos agrícolas e também produtos industriais como uma moenda a vapor produzida pela fábrica de Ponta da Areia (que seria escolhida para a exposição de Londres em 1862), uma máquina a vapor produzida pelo Arsenal da Marinha e uma moenda a vapor invenção de José Maria da Conceição Júnior. O farmacêutico Theodoro Peckolt, que conheceu o naturalista Philipp von Martius[2] que esteve no Brasil de 1817 a 1822, pode expor seus produtos da flora brasileira na Exposição de 1861, participação a qual lhe rendeu o prêmio do imperador a Ordem da Rosa. Theodoro Peckolt participou tanto da Exposição Nacional de 1861 como de 1866 (realizada no Campo de Santana onde ainda recentemente ficava o prédio da Casa da Moeda, onde obteve premiação máxima com suas coleções de farmacognosia, as quais foram respectivamente expostas nas Exposições de Londres em 1862 e Paris em 1867. Sobre a coleção apresentada em 1861 Frederico Burlamaqui como jurado emitiu sua avaliação: “O senhor Peckolt, de Cantagalo expôs 146 produtos naturais e produtos químicos, extratos e alcaloides, extraídos de vegetais indígenas. O júri achou esta coleção tão importante que conferiu uma medalha de ouro a seu autor, ainda que, em verdade, ela ofereça maior interesse científico do que industrial”.[3] Theodoro Peckolt chegou ao Brasil em 1847 e se estabeleceu em Cantagalo entre 1851 e 1868 onde mantinha um laboratório de pesquisa, em especial para busca de substâncias alcaloides. Na década de 1870 Theodoro Peckolt coordenou o Laboratório Químico do Museu Nacional onde pode estudar diversos medicamentos indígenas como a agoniadina extraída da quina branca, anchietina (alcaloide extraído do cipó-suma), andirina, angelina e carobina, além da doliarina, princípio ativo da gameleira[4]. Estes produtos iriam ser comercializados na farmácia Peckolt localizada na rua da Quitanda nº 159 no Rio de Janeiro. Segundo Hermann von Ihering: “Não conhecemos outro exemplo de naturalista, versado igualmente em estudos botânicos e químicos, que tão profundamente tivesse estudado e esclarecido por investigações próprias o estudo econômico, farmacêutico e químico de qualquer flora tropical”.[5]
[1] FILGUEIRAS, Carlos.
Origens da química no Brasil, Campinas:Ed. Unicamp., 2015, p.318
[2] FILGUEIRAS, Carlos.
Origens da química no Brasil, São Paulo: Unicamp, 2015, p. 279
[3] SANTOS, Nadja; ALENCASTRO, Ricardo; PINTO, Angelo. A participação brasileira
nas exposições nacionais do século XIX: a contribuição de Theodoro Peckolt. In:
GOLDAFB, José; FERRAZ, Márcia. VII Seminário Nacional de História da Ciência e
da Tecnologia, São Paulo: Unesp, 2000, p. 367
[4] EDLER, Flavio Coelho.
Boticas & Pharmacias: uma história ilustrada da farmácia no Brasil, Rio de
Janeiro: Casa da Palavra, 2006, p. 77
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