A conquista de Uidá, Ajudá ou Ouidah porto então dominado pelos portugueses, pelo reino escravagista e expansionista do Daomé, em 1727, viria a confirmar a posição de principal porto do tráfico negreiro na região, situação que manteve, até meados do século XIX.[1] Na ocasião tropas de Daomé prenderam João Basílio, o diretor do forte de São João Batista de Ajuda, que foi deportado para a Bahia.[2] A situação seria apaziguada com a visita do embaixador de Daomé, Tebgbesso, à Bahia em 1750 de modo a reanimar o tráfico com Daomé e restaurar as relações com a coroa portuguesa. Estima-se que da feitoria da Ajuda entre 1700 e 1725 saíram mais de 400 mil escravos, cerca de 40% do total transportado para as Américas.[3] Em 1724 Agajá, rei de Daomé, associado diretamente a expansão do tráfico[4], conquistou o reino de Aladá e se consolidou como um dos principais fornecedores de cativos na costa da África.[5] Em 1727 seria conquistada Uidá.[6] A fortaleza de São João Batista de Ajudá construída pelos portugueses hoje abriga o Museu de História da Ajudá. Segundo Mariza Soares a rota tradicional de escravos vindos de Angola já não supria a grande demanda advinda com a mineração o que fomentou a criação de uma nova rota pela Costa da Mina, por isso o fluxo de escravos dessa origem no Brasil coincide com início do ciclo do ouro. Mariza Soares destaca a violência com esses negros foram levados escravizados para o Brasil uma vez que havia o fomento de guerras para garantir esse fornecimento de escravos, principalmente a expansão do reino de Daomé.[7] Segundo Mariza Soares: “A historiografia do Daomé mostra o alastramento da violência tanto em conflitos internos quanto em decorrência da associação ao tráfico de escravos. Importante destacar que nem todos os deslocamentos e conflitos estiveram diretamente associados à expansão do tráfico atlântico, mas na medida em que, a partir de meados do século XVII, cresce o tráfico nos portos da região, pode-se dizer que isso acontece com frequência”.[8] A figura mostra o Zinkpo trono do rei de Daomé. Museu Nacional do Rio de Janeiro
[1] SILVA. Marinelia Sousa
da. Movimentos na História: Notas sobre a Historiografia da Costa dos Escravos,
Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana Ano
III, Nº 5, julho/2010
[2] GOMES, Laurentino.
Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 165; RODRIGUES, Aldair; LIMA, Ivana, Stolze;
FARIAS, Juliana. A diáspora Mina, Rio de Janeiro: NAU, 2020, p. 184
[3] GOMES, Laurentino.
Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 145
[4] RODRIGUES,
Aldair; LIMA, Ivana, Stolze; FARIAS, Juliana. A diáspora Mina, Rio de Janeiro:
NAU, 2020, p. 181
[5] GOMES, Laurentino.
Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 9
[6] RODRIGUES, Aldair; LIMA, Ivana, Stolze; FARIAS, Juliana. A diáspora Mina, Rio
de Janeiro: NAU, 2020, p. 37, 333
[7] RODRIGUES, Aldair; LIMA, Ivana, Stolze; FARIAS,
Juliana. A diáspora Mina, Rio de Janeiro: NAU, 2020, p. 115, 214
https://www.youtube.com/watch?v=fYn7dBpXHys&t=1338s
[8] RODRIGUES, Aldair; LIMA, Ivana, Stolze; FARIAS, Juliana. A diáspora Mina, Rio de Janeiro: NAU, 2020, p. 99
Nenhum comentário:
Postar um comentário