Mestre Valentim (1744-1813) filho de um fidalgo
português e uma escrava era um artesão mulato e artesão da Irmandade de Nossa
Senhora do Rosário também conhecida como Nossa Senhora do Rosário dos Homens
Pretos.[1] Em Lisboa
também havia uma Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
fundada em 1460, embora frequentada por negros livres, sua direção ficaria a
cargo de brancos e de uma autoridade eclesiástica.[2] No
desfile de Corpus Christi de 1719 em Lisboa de um total de 143 irmandades,
apenas três eram de irmandades de pretos: a de Nossa Senhora do Rosário, a de
São Benedito e a de Jesus, Maria e José. Na Irmandade de Nossa Senhora do
Rosário de Mariana entre 1748 e 1819 de um total de 984 pessoas com funções na
mesa diretora um total de 303 eram escravas, algo em torno de 30%. Dos 273
membros com origem conhecida, 88% era africanos.[3] A
Irmandade do Rosário não tinha caráter litúrgico. A Irmandade de Nossa Senhora do
Rosário teve grande popularidade entre os africanos. Na cidade de Mariana,
então chamada vila de Nossa Senhora do Carmo, a fundação da irmandade data entre
1704 e 1715. Segundo Fernanda Pinheiro, que destaca o papel da Irmandade de
Nossa Senhora do Rosário na construção de uma identidade cultural entre escravos
minas: “pesquisas recentes acerca do papel desempenhado pelas irmandades tem
reforçado seu impacto nas múltiplas experiências dos escravizados e egressos do
cativeiro. Sem desconsiderar que tais associações organizadas em torno de um
santo patrono constituíam, na perspectiva do Estado e dos senhores um
instrumento de dominação, os historiadores tem se interessado pela abordagem
das confrarias enquanto vetores dos processos de diferenciação ou de coesão
das comunidades negras [..] Hoje pode-se afirmar que tais estudos contribuíram,
e muito, com a superação da noção dualista que contrapunha acomodação versus
resistência”.[4]
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