quinta-feira, 14 de outubro de 2021

O investimento privado nas navegações portuguesas

 

Luís de Albuquerque mostra que D. Dinis procurou impulsionar a marinha portuguesa e seguindo os passos da Galiza, Inglaterra, França e Aragão assina um acordo em 1317 que inclui a vinda técnicos genoveses sob a liderança do genovês Micer Manuel Pessanha/Pessagno/Pezagno que passa a ser o responsável pela organização da Marinha do rei de Portugal incluindo a construção naval tendo em vista a possibilidade de estender os combates do rei Português contra os mouros até a costa africana.[1] O trabalho de Pessagno junto com sua equipe de genoveses entendidos em arte de navegar contribui para o desenvolvimento da indústria marítima em Portugal contribuindo para inserção de Portugal na cultura europeia, da mesma forma que a fundação da Universidade de Lisboa em 1290 aponta no mesmo sentido.[2] Damião Perez contesta que tal acordo tivesse maior influência nos desenvolvimentos subsequentes portugueses, no entanto Sérgio Buarque de Holanda registra que ainda em 1444 é confirmado no cargo de almirante Lançarote Peçanha, neto de Carlos.[3] Uma carta de privilégio é concedida a 6 de Junho de 1377 aos mercadores que mandarem fazer ou comprarem naus de cem ou mais toneladas. O rei concede àqueles autorização para cortar nas matas reais toda a madeira necessária, e isenta-os do pagamento da dízima sobre o ferro e fulame que para o mesmo fim tiverem de importar, o que contribuiu para o desenvolvimento da indústria naval em Lisboa e no Porto.[4] Para a preparação da viagem de Vasco da Gama ás índias em 1498 o rei português contou com investimentos de Girolamo Sernige, um banqueiro florentino, interessado em desbancar o monopólio veneziano das especiarias para a Europa. [5] Um reflexo da influência dos genoveses na marinha portuguesa é o diário de bordo de Vasco da Gama que se refere ao uso de “agulhas genovesas” ao se referir as bússolas.[6]



[1] ALBUQUERQUE, Luís de. Introdução à história dos descobrimentos portugueses, Lisboa: Europa América, 1959, p 41

[2] JANOTTI, Aldo. Origens da Universidade, São Paulo: Edusp,1992, p.121

[3] HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visões do Paraíso, São Paulo: Brasiliense, 2000, p. 398

[4] BAIÃO, Antonio. História da expansão portuguesa no mundo. Lisboa:Editorial, Atica, 1937, p.96

[5] VELHO, Álvaro. O descobrimento das Índias, o diário de viagem de vasco da Gama, Rio de Janeiro: Objetiva, 1998, p. 29

[6] VELHO, Álvaro. O descobrimento das Índias, o diário de viagem de vasco da Gama, Rio de Janeiro: Objetiva, 1998, p. 59




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