Os
jesuítas na busca de uma catequização mais efetiva compuseram gramáticas da
língua tupinambá com José de Anchieta em 1595 e o padre Luís Figueira em 1621,
além de um catecismo na língua tupinambá em 1618, o “Catecismo na língua
brasílica”.[1] Hans
Staden e Jean Léry se referem a esta “língua dos selvagens” que a partir do
século XVII será denominada “língua brasílica”.
Apesar do padre Vieira (1660) à dita língua geral como uma língua do
tronco tupi que se opõe à língua nheengatu de caboclos, caipiras e curibocas, os
nheengambas. No século XVIII a língua geral passa a se referir á língua da
população mestiça ao passo que a língua tupinambá se refere à língua dos índios
do Pará. A designação da língua como tupi ocorre apenas no século XIX quando os
tupinambás estão praticante dizimados[2].
Na Revista da Exposição Anthropologica de 1882, Ladislau Netto observa ao
comentar sobre o imperador Pedro II que
o “próprio soberano brasileiro (…) se há consagrado em horas de lazer ao
estudo acurado da extensa língua guarano-tupí, ou língua geral da América
austral cisandina”[3] Segundo Gilberto Freyre uma evidência de uma integração do português com o
indígena se verifica na evolução do idioma português que acolheu elementos
destas diferentes matizes da cultura nacional: “o ideal não me parece que
deva ser o de uma língua portuguesa hirta [inflexível], cuja conservação pura
no Brasil nos custasse uma expressão deformada e até falsa de nossa vida. Muito
menos o de uma “língua brasileira” que
nos separasse de Portugal o mais possível pela consagração de tudo que fsse
gíria arrevesada ao mesmo de arcaísmos peculiares ao Brasil. O ideal seria uma
língua transnacional, que correspondesse aos desejos de aproximação e ao mesmo
tempo aos de diversidade dos povos da América, da África, da Ásia, das ilhas
como formam com Portugal uma unidade essencial de sentimento e de cultura”.[4] Edith Pimentel em “O português no Brasil: época colonial” mostra como a
língua portuguesa ganhou mais importância a partir do século XVIII com marquês
de Pombal[5],
em especial com o decreto de 1755 que institui a obrigatoriedade do uso do
português nas aldeias indígenas e nas escolas silvícolas, diante dos dois
grandes troncos linguísticos indígenas: na bacia dos rios Paraná e Paraguai os
guarani, os tupi e os tapuias (designição dos portugueses aos não tupi); na
bacia amazônica, os tupi, aruaque caribe, o nheengatu e na região central os jê.[6] Em 1795 o padre Luís de Figueira publica em Lisboa “Arte Gramática da Língua
do Brasil” quando no Brasil já em grande maioria se falava o português.
Mesmo na região Amazônica o padre Aires do casal relata que já em 1755 o
português começou a ser de uso comum, pois até então todos falavam tupi mesmo
para os oradores no púlpito.[7] Até o final do século XVIII o latim foi a principal língua culta seguido do
francês[8].
No nordeste do ciclo do açúcar o português torna-se predominante já em inícios
do século XVII.
[1] NOVAIS, Fernando. História da vida privada no Brasil , v.1, São
Paulo:Companhia das Letras, 2018. Edição do Kindle, p.247
https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/7696
[2] FILHO,
Ivan Alves. História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa Editora, 1987,
p.204
[3] MAIO, Marcos Chor; Santos, Ricardo Ventura. Raça, ciência e
sociedade (p. 17). SciELO - Editora FIOCRUZ. Edição do Kindle
[4] FREYRE, Gilberto. O
mundo que o português criou, Recife; É Realizações, 2010, p. 41
[5] NOVAIS, Fernando. História da vida privada no Brasil , v.1, São
Paulo:Companhia das Letras, 2018. Edição do Kindle, p.250
[6] NOVAIS, Fernando.
História da vida privada no Brasil , v.1, São Paulo:Companhia das Letras, 2018.
Edição do Kindle, p.245
[7] MARTINS, Wilson.
História da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo:USP, 1976, p. 535
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