Júnia Furtado mostra o preconceito da sociedade colonial contra negociantes e comerciantes que se exemplifica por exemplo nas queixas da Câmara de Vila Rica contra o que chamou de “vendilhões” ao se referir aos intermediários.[1] Tais comerciantes, fundamentais para o desenvolvimento de um mercado interno, tinham sua ação facilitada por uma questão geográfica pelo fato de que em Minas Gerais haviam enormes distâncias a serem vencidas para levar os produtos do litoral aos núcleos urbanos.[2] Para Myriam Ellis: “Esses mercados foram os mobilizadores de correntes comerciais entre as capitanias voltadas para o Atlântico e o interior; correntes comerciais que circulavam por vias de comunicação terrestres e fluviais e por onde trafegavam tropeiros, comboieiros e boiadeiros vindos dos mais diferentes pontos do Brasil, tais como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, os principais mercados abastecedores das zonas de mineração”. Enquanto um par de sapatos era vendido em Lisboa por 550 reis, o mesmo produto chegava a Minas gerais por volta de sete mil reis (7$000 reis). Um alqueire de sal que era vendido a 720 reis no Rio de Janeiro chegava a Minas Gerais a 3$600 reis.[3]
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