Segundo John Mawe os mineiros retardavam a adoção de melhoramentos na sua atividade de extração de ouro, para que as minas pudessem ser exploradas até serem exauridas, de modo que não retomassem sua vida na agricultura, uma atividade considerada vil e degradante: “por todo o Brasil, o lavrador sempre foi considerado pertencente a uma classe muito inferior, em comparação com a respeitabilidade dos mineiros”.[1] Em Diamantina John Mawe encontra máquinas abandonadas pois os mineiros temiam que pudessem substituir o trabalho manual.[2] John Mawe observa que a falta de máquinas e instrumentos adequados de trabalho faz com que a produtividade do escravo seja muito baixa: “não se utilizam absolutamente de carretas, nem de carrinhos de mão, os negros tudo conduzem em suas bateias sobre a cabeça, algumas vezes escalando subidas muito escarpadas, onde poderiam vantajosamente ser usados planos inclinados, que não custaria muito a preparar [...] enfim, a sociedade deveria ocupar-se com a introdução de um método mais conveniente de lavrar a terra, o de cultivar o capim para os animais, e também com os meios de lavar o ouro e os diamantes sem que os negros estejam constantemente curvados”.[3] Uma antiga roda dágua antiga que de tão pesada exigia mais de cinquenta homens para desloca-la era o único aparelho inventado pelo homem para aliviar o trabalho dos mineiros.[4] Roberto Simonsen estima uma produtividade de 200 gramas de ouro por escravo enquanto que Maurício Goulart reduziu este valor para 150. Russel Wood observa que tais valores estão fortemente influenciados pela disponibilidade dos recursos minerais e não somente produtividade técnica na extração destes recursos.[5]
[1] MAWE, John. Viagens ao
interior do Brasil. São Paulo: USP, 1978, p. 66
[2] MAWE, John. Viagens ao
interior do Brasil. São Paulo: USP, 1978, p. 154
[3] MAWE, John. Viagens ao
interior do Brasil. São Paulo: USP, 1978, p. 188
[4] NASH, Roy. A conquista
do Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1939, p. 187
Nenhum comentário:
Postar um comentário