Críticos
árabes da alquimia foram Al-Kindi (850) e Avicena (980-1037), muito embora
tendo praticado alguns experimentos em alquimia consideravam como pouco
prováveis muitas das teorias dos alquimistas.[1] Al-Kindi
considerava a alquimia uma fraude e tinha a transmutação como falsa, o que afirma
especialmente em sua obra “A fraude dos
alquimistas”. [2] Para Al-Kindi “se ignoramos os
princípios, causas e razões de uma coisa, devemos renunciar à pretensão de
alcançar sua verdade científica. E talvez não haja maior ignorante a esse
respeito, do que aquele que toma suas observações nos livros dos sábios da
Antiguidade, principalmente nessas matérias, as ciências da natureza, e que
espera, desse modo obter a verdade que pretende para tais questões, sem passar
pelas ciências que as precedem pela ordem”.[3] No
século XII Abdul al Latif (1162-1231) de Bagdá se refere a mais de 300 métodos
de trapacear usados pelos alquimistas.[4] Jorge Machado destaca um experimento clássico do erro de interpretação dos alquimistas como
uma experiência de transmutação de ferro em cobre. Em uma solução de vitríolo
azul (sulfato de cobre pentahidratado CuSO4) era mergulhada uma barra de ferro
(Fe). O que se observa é que o ferro aos poucos vai desaparecendo e começa
surgir um depósito vermelho de cobre no fundo do recipiente. Na verdade o cobre
já estava presente na solução inicial sob a forma iônica formando um coposto químico
por uma ligação com o grupo sulfato (CuSO4) de modo que em contato com o ferro
havia uma reação de substituição entre o cobre e o ferro: Fe + CUSO4 = FeSO4 +
Cu. O ferro reage com o sulfato de cobre produzidno sulfato de ferro e cobre
metálico. Esta experiência somente pode ser compreendida depois de estabelecido
os conceitos de potenciais de redução dos metais. [5] O
exemplo mostra que muitas experiências alquímicas de transmutação, na verdade,
revelam experiências químicas válidas, que seriam bem sucedidas independente
das condições psíquicas do experimentador bastando que determinadas sequências
do método experimental fossem respeitadas.
[1] LAFONT, Olivier. A
química. In: COTARDIÈRE, Philippe. História das ciências: da antiguidade aos
nossos dias, Rio de Janeiro:Saraiva, 2011, p.144; GILLISPIE, Charles.
Dicionário de biografias científicas, Rio de Janeiro:Contraponto, 2007, v.I,
p.164
[2] THORNDIKE, Lynn. A History of magic and experimental science, v.I,
Columbia University Press, 1923, p.648
[3] TATON, René. A ciência
antiga e medieval: a Idade Média, tomo I, v.III, São Paulo:Difusão, 1959, p. 30
[4] DURANT, Will. História
da Civilização, A idade da fé, tomo II, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1957,
p.65
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