domingo, 5 de setembro de 2021

A ascenção do mulato João Fernandes Vieira

 

A ocupação holandesa no Recife fomentou novos sistemas de valores de vocação às profissões de ofícios mecânicos em consonância com a ética protestante. Segundo Vicente Ferrer: “os tempos coloniais, o mais frequente, o usual, era o mercador ir a casa do nobre, na cidade ou no campo, vender-lhe tudo desde os viveres até s custoso panos, por isso, a mascateação era a forma comum de comerciar [...] Os nobres que não haviam experimentado o bem estar resultante do trabalho, os milagres operados pela economia e ordem, odiavam mascates, como odiaram os frugais e sóbrios holandeses e alegaram contra todos, especulações de alguns usurários que os há em todas as sociedades. E assim como se insurgiram contra os holandeses para não pagar os engenhos comprados a crédito e o mais que lhes deviam (com o que lucrou o mercador João Fernandes Vieira um dos chefes da insurreição pernambucana) também aproveitaram-se da questão dos mascates para não pagar o que a estes deviam".[1] João Fernandes Vieira (1610-1681) nasceu na ilha da Madeira, era mulato e chegou a ser abastado senhor de engenho[2], tendo atuado comércio dos produtos mais rentáveis da região, o pau-brasil, o açúcar e os escravos. Tendo colaborado e enriquecido durante o período de ocupação dos holandeses passou a integrar as forças de resistência contra os holandeses depois da partida de Maurício de Nassau. João Fernandes Vieira foi líder na “guerra da liberdade divina" contra os holandeses, de 1645 a 1654, e, finalmente, governador de Angola e Paraíba. Recebeu os títulos de Capitão-Mor do Pinhal, Comendador da Ordem de Cristo e membro do Conselho de Guerra.

[1] FERRER, Vicente. Guerra dos Mascates, Lisboa: Livraria Classica Editora, 1915, p.77, 80 Biblioteca José Midlin

[2] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 40



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