domingo, 5 de setembro de 2021

Faisqueiros

 

Na descrição das técnicas usadas na mineração na colônia Eschwege em Pluto Brasiliensis mostra dúvidas quanto à época que rodas elevatórias utilizando força hidráulica teriam sido introduzidas no auxílio à mineração no Brasil. Em Itabira Eschwege projetou um roda elevatória hidráulica para otimizar a produção do ouro e que consistia de uma roda de engrenagem fixa no eixo da um roda hidráulica, integrado a pilões, usados para processar o minério aurífero. Ainda existe um exemplar deste engenho no Museu do Ouro, em Sabará.[1] João Maurício Rugendas no livro Viagem pitoresca ao Brasil publicado em 1835 escreve: “tanto do ponto de vista técnico como das leis que o regulam, a exploração de ouro ainda se encontra no mesmo estado em que se achava na época da descoberta dessas regiões”. Segundo Julio Katinsky o ouro foi explorado por instrumentos grosseiros como a pesada gamela de madeira também conhecida como bateia, ou pela “lavagem” de encostas auríferas em grandes tanques[2]. Charles Boxer destacava o primitivo processo de lavagem e peneiração para extração do ouro e que usava como único instrumento a bateia.[3] Segundo o viajante inglês do século XIX Richard Burton os garimpeiros que extraíam o ouro de aluvião eram conhecidos como “faiscadores”[4] ou “faisqueiros”[5] em referência às pepitas de ouro que reluziam ao sol como faíscas em meio à lama.[6] Por volta de 1550 já se utilizava o mercúrio para separar a prata do minério nas minas de Potosi.[7] O metalurgista Bartolomeu de Medina introduziu em 1556 o método “beneficio del pátio” uma técnica de amalgamação para separar a prata de outros minerias com uso do mercúrio. [8] Pedro Velasco utiliza a técnica que e se uso é disseminado nas minas de Potosi por volta de 1580.

[1] http://monlewood.blogspot.com.br/2010/01/historia-das-minas-de-ouro-e-diamante-o.html

[2] KATINSKY, Julio. A técnica e sua história. In: ARAUJO, Emanuel. Arte, adorno, design e tecnologia no tempo da escravidão. Secretaria da Cultura de São Paulo, 2013, p.91

[3] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 61

[4] SIMONSEN, Roberto. História Econômica do Brasil, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1962, p.274

[5] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 60

[6] GOMES, Laurentino. Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 63; BURTON, Richard Francis, 1821-1890. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho / Richard Burton ; Brasília : Senado Federal, Conselho Editorial, 2001. http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/1116

[7] HOFFNER, Joseph. Colonialismo e evangelho, São Paulo:USP, 1973, p.171

[8] COSTA, Marcos. O livro obscuro do descobrimento do Brasi, Rio de Janeiro:Leya, 2019, p. 138



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